Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília –- A década de 90 foi marcada pelo surgimento de grupos de trabalhadores sem teto que, a exemplo dos sem-terra, buscam nas ocupações uma forma pressionar o governo para promover a chamada reforma urbana. No entanto, diferentemente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MST) ainda não conseguiu transformar um número significante de ocupações em conjuntos habitacionais permanentes, de acordo com a avaliação do próprio movimento. Uma ocupação feita pelo MTST desde 1º de outubro em Taboão da Serra (SP) está ameaçada de despejo.
"Estamos em um processo de luta muito desgastante, com pouca abertura de todas as esferas de governo, independente de partido, para as contribuições que temos a dar para uma reforma urbana efetiva", apontou um dos coordenadores estaduais do MTST em São Paulo, João Batista, mais conhecido como Jota, à Agência Brasil no dia 9 de outubro.
"Acreditamos que a estratégia de pressão social está correta. Assim como a reforma agrária não vai acontecer sem o MST, a reforma urbana não será realizada sem o MTST", disse ele.
Para Jota, além das barreiras encontradas no poder público, os trabalhadores sem teto têm enfrentado algumas dificuldades internas para alcançar seus objetivos. Entre elas, a falta de unidade entre os grupos de trabalhadores e o tráfico de drogas na periferia dos grandes centros. "É um problema que realmente acontece como em qualquer lugar hoje em dia, mas não pode ser utilizado de forma política para criminalizar o movimento", reclama João Batista.
Entre as reivindicações do MTST está o cadastramento das famílias nos programas habitacionais, independentemente de elas pagarem aluguel, ou não. O movimento também pede o desenvolvimento de programas de verticalização – construção de prédios habitacionais – , desapropriação de imóveis abandonados e estímulo a projetos comunitários que permitam, inclusive, a instalação de hortas, escolas e postos de saúde na proximidade das moradias.