Investimento menor comprometeu crescimento econômico, avalia economista

30/11/2005 - 12h19

Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A elevada taxa básica de juros do país está impedindo investimentos tanto do governo quanto da iniciativa privada, acredita o economista Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). O investimento medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) caiu 2,1% entre julho e setembrono deste ano, na comparação com o mesmo período de 2004. O investimento é um dos componentes do Produto Interno Bruto (PIB), que teve queda de 1,2% no terceiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2004.

Segundo o economista, a redução nos investimentos foi provocada pela alta da taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), que foi elevada pelo Banco Central de 16% ao ano, em setembro de 2004, para 19,5%, no início deste ano. "Com esse resultado, a gente pode afirmar que o Banco Central exagerou na dose, elevando os juros acima do razoável. Isso acabou provocando um desaquecimento mais forte da economia", afirmou Miguel.

gráficos sobre investimentos em formação bruta de capital fixo

Segundo o economista, com o aumento dos juros, a dívida pública cresce. "Para não deixar a dívida crescer e trazer desconfiança aos investidores, o governo põe o ‘pé no freio’, reduzindo investimentos e gastos de custeio da máquina administrativa", disse.

Miguel destacou que, com a redução dos investimentos, os empregos não são gerados e o desenvolvimento econômico fica comprometido. "Se você não investe agora para ampliar a capacidade produtiva, você não tem essa capacidade ampliada. Diante de uma demanda maior e não tendo produção para atender a ela, o governo é obrigado a manter os juros elevados, para não comprometer os preços e aumentar a inflação. Os juros altos inibem o consumo e comprometem o crescimento econômico", disse.

Segundo o economista, a queda dos juros – efetuada recentemente pelo Banco Central – só será sentida de três a seis meses. "Deveriam ter sido mais agressivos na queda. O efeito da queda dos juros ainda não está na economia", afirmou.