Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A elevada taxa básica de juros do país está impedindo investimentos tanto do governo quanto da iniciativa privada, acredita o economista Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). O investimento medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) caiu 2,1% entre julho e setembrono deste ano, na comparação com o mesmo período de 2004. O investimento é um dos componentes do Produto Interno Bruto (PIB), que teve queda de 1,2% no terceiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2004.
Segundo o economista, a redução nos investimentos foi provocada pela alta da taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), que foi elevada pelo Banco Central de 16% ao ano, em setembro de 2004, para 19,5%, no início deste ano. "Com esse resultado, a gente pode afirmar que o Banco Central exagerou na dose, elevando os juros acima do razoável. Isso acabou provocando um desaquecimento mais forte da economia", afirmou Miguel.
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Segundo o economista, com o aumento dos juros, a dívida pública cresce. "Para não deixar a dívida crescer e trazer desconfiança aos investidores, o governo põe o ‘pé no freio’, reduzindo investimentos e gastos de custeio da máquina administrativa", disse.
Miguel destacou que, com a redução dos investimentos, os empregos não são gerados e o desenvolvimento econômico fica comprometido. "Se você não investe agora para ampliar a capacidade produtiva, você não tem essa capacidade ampliada. Diante de uma demanda maior e não tendo produção para atender a ela, o governo é obrigado a manter os juros elevados, para não comprometer os preços e aumentar a inflação. Os juros altos inibem o consumo e comprometem o crescimento econômico", disse.
Segundo o economista, a queda dos juros – efetuada recentemente pelo Banco Central – só será sentida de três a seis meses. "Deveriam ter sido mais agressivos na queda. O efeito da queda dos juros ainda não está na economia", afirmou.