Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio – O incêndio provocado no ônibus da linha Passeio-Irajá, ontem à noite, na Penha, subúrbio norte do Rio, tem objetivo de implantar a idéia de que "eles são mais poderosos que as próprias instituições", afirma Talvane de Moraes, professor de medicina legal e psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Talvane considera que ações deste tipo têm o objetivo de cometer crueldade de grande vulto para impressionar a população, que começa a ter medo de andar de ônibus e de se expor. Segundo o psiquiatra, atos semelhantes ao de ontem provocam a banalização da vida humana e da violência. "O outro, que é a vítima, para eles não vale nada. Eles não têm nenhum sentimento de compaixão e de respeito, nenhuma atitude que possa ser compatível com o nosso nível de civilização", explicou.
O especialista afirmou que, para aliviar a pressão que a população vai sentir depois do incidente, as autoridades precisarão reestruturar a política de segurança e contar com a participação da população. "Essa colaboração pode ser por denúncia anônima. Dessa forma, as pessoas se animam a fazer a comunicação dos fatos". Ele ressaltou que isso tem que ser feito dentro de uma política de segurança. "Tem que mostrar que a autoridade está ao lado das pessoas. Elas não podem se sentir desamparadas, desconfiadas e inseguras, porque aí não adianta e nenhuma política de segurança funciona".
O incêndio no ônibus da linha Passeio-Irajá foi provocado por um grupo de pessoas que, segundo a Polícia do Rio de Janeiro, é ligado a traficantes de drogas.