"Excesso de zelo" do Banco Central fez com que país crescesse menos, acredita Mantega

30/11/2005 - 17h20

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Guido Mantega, acredita que a economia brasileira tem poucas chances de atingir a meta do governo para ano: crescer mais de 3%. "Foi uma desaceleração provocada por uma política monetária restritiva. Foi uma decisão das autoridades monetárias reduzir o crescimento", afirmou. "Talvez por excesso de zelo do Banco Central, tivemos uma taxa menor. Porém, o potencial de crescimento está aí."

Mantega comentou hoje o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), que caiu 1,2% de julho a setembro, na comparação com o segundo trimestre do ano. Mas, segundo Mantega, a estrutura produtiva brasileira "está moderna e competitiva". O presidente do BNDES considera que a queda "é apenas um episódio dentro de um quadro de crescimento".

Segundo Mantega, isso significa que "se for alterada a política de rigor monetário, continua tendo crescimento". Disse que é isso justamente que está sendo feito, com a queda da taxa básica de juros, cuja trajetória deverá permanecer declinante.

Ele admitiu, entretanto, que dado o número do PIB do terceiro trimestre, o país não tem condições hoje de atingir a meta de aumento projetada pelo governo para o PIB em 2005, que oscilava entre 3,5% a 4%. A expectativa, segundo Guido Mantega, é atingir entre 2,5% a 3% de crescimento do PIB este ano. "Hoje, graças a uma política eficiente, acertada, o país poderia ter uma taxa de crescimento de 4%", esclareceu, continuando que

Na avaliação do diretor de Planejamento do BNDES, Antonio Barros de Castro, a posição do BNDES coincide de certa forma com a do IBGE, no sentido de que será preciso crescer no último trimestre 2% em relação ao trimestre anterior "para que o PIB dê 2,4%". Guido Mantega considera possível que haja essa taxa de crescimento, dependendo da política monetária que se continue fazendo, ou seja, dependendo do ritmo de redução das taxas de juros, o que envolve a taxa básica Selic e a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), usada pelo banco em suas operações, e dependendo das ações que o governo colocar em prática.