Rio, 30/11/2005 (Agência Brasil - ABr) - O professor de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Dário de Souza, especialista em violência urbana, disse que o incêndio de ontem (29) à noite no subúrbio da Penha, provocado por um grupo de pessoas, que segundo a polícia é ligado a traficantes de drogas, prova que as ações do crime não são organizadas.
Na avaliação dele, o fato projeta prioridade e visibilidade que vão aumentar a repressão ao grupo.
E desmonta, também, o argumento de que os traficantes seriam acobertados por moradores das comunidades onde atuam. "Essa população também vive em regime de violência e pessoas inocentes são atingidas de maneira brutal. Esse é o reflexo imediato. É lamentável, mas certamente isso não é tático para quem executou", explicou.
Para o especialista, reações mais indignadas são esperadas neste caso, inclusive com a discussão em torno de pena de morte e de modificação do Código Penal. "A curto e médio prazos, a mudança no Código Penal não traz retorno significativo. É preciso discernir a punição justa e necessária a quem perpetua esses crimes", disse.
E acrescentou: "Haverá aqueles que utilizarão este fato lamentável para justificar coisas que apregoavam antes. Haverá aqueles que defenderão as suas posições, mas tão logo a opinião pública se torne mais amena, tudo voltará a estaca zero. Se vamos radicalizar, vamos fazer com a participação das pessoas envolvidas nisso, que são usuárias de transporte coletivo, a condição de segurança que elas encontram. Fora isso, é só uma radicalização retórica".