Rio, 30/11/2005 (Agência Brasil - ABr) - O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, receberá amanhã (1°/12), em São Paulo, proposta do mercado financeiro para desoneração do investimento estrangeiro, como forma de alavancar o mercado brasileiro. Estudo da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima) mostra que a redução de tributos para esses investidores pode elevar o montante aplicado em renda fixa no Brasil dos atuais R$ 10 bilhões para R$ 30 bilhões.
Em entrevista exclusiva, o presidente da Andima, Alfredo Moraes, explicou hoje (30) que o objetivo é incentivar a participação do investidor estrangeiro como uma forma de induzir o investidor local a alongar o prazo de suas aplicações e aceitar mais títulos pré-fixados. "Se a gente aumenta um pouco o giro e o tamanho do mercado, isso acaba sendo um fator indutor para que os brasileiros também comecem a fazer o mesmo tipo de coisa", disse.
Segundo Moraes, "o investidor internacional tem mais tradição e um apetite maior para esse tipo de investimento de longo prazo, enquanto no Brasil a cultura é do DI", ou seja, de investimentos de curto prazo para resgate no dia seguinte.
Pela proposta que será encaminhada ao secretário do Tesouro Nacional, o investidor estrangeiro continuará pagando a alíquota de 15%, mas para investimentos com até um ano de duração, chegando a zero por cento acima de dois anos. Caberá a Joaquim Levy levar a proposta ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci.
O presidente da Andima avaliou que a medida contribuirá para aumentar a participação de investidores pessoas físicas no financiamento da dívida brasileira. De acordo com o estudo da Andima, a nova metodologia consegue reduzir a dívida em R$ 370 milhões. Na opinião de Alfredo Moraes, o maior mérito do projeto é "quebrar a inércia dos investidores domésticos de fazer sempre os mesmos investimentos". Ele lembrou que o investidor brasileiro também terá benefícios, como a tributação do investimento somente no resgate, e não a cada troca de aplicação. A proposta, acrescentou, estimula as pessoas a fazerem poupança financeira.