Fernanda Muylaert
Da Agência Brasil
Brasília – O consumo de álcool no Brasil deixou de ser um problema de saúde para se transformar num problema social. É o que diz o assessor técnico da coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Francisco Cordeiro, ao afirmar que estudos realizados pela Universidade Federal de São Paulo dão conta de que mais de 19 milhões de pessoas, 11,2% da população brasileira, são dependentes dessa droga.
Cordeiro participou hoje (30), em Brasília, do último dia de debates da 1ª Conferência Pan-Americana de Políticas Públicas sobre o Álcool. Ele diz que o álcool é atualmente um grave problema de saúde pública, que causa inúmeros riscos à população. "O álcool é a grande prioridade do ministério, no sentido de tratamento, porque essa droga traz um impacto não só na saúde do indivíduo que a consome, como na vida social dele e das pessoas ao seu redor", afirma. Como exemplo, lembra que uma pessoa alcoolizada pode causar, entre outras conseqüências, acidentes de trânsito com vítimas fatais.
O assessor explica que o governo brasileiro tem atuado de forma a estimular e incentivar municípios a criarem centros especializados no tratamento de usuários de álcool e outras drogas. "Queremos, com isso, ampliar a oferta para as pessoas que necessitem e também ampliar a rede ao tratamento de usuários que não são dependentes, mas que fazem um uso nocivo da droga, o que acarreta em algum tipo de dano à saúde dessas pessoas", diz ele.
Ele conta ainda que o Ministério da Saúde desenvolve desde o início do governo Lula (2003) uma política nacional que institui os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Capsad). Nesses três anos, as intervenções de saúde para a população trouxeram ao governo um gasto estimado de cerca de R$ 30 milhões, segundo ele. "O ministério repassa recursos financeiros para que os municípios dêem visibilidade e sobrevivência ao serviço que até hoje atendeu 1,4 milhão de brasileiros".