Profissionais de saúde e trabalhador sem carteira assinada são maioria nas discussões

27/11/2005 - 20h03

Danielle Coimbra e Aloisio Milani
Da Agência Brasil

Brasília - A 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador identificou que a maioria dos participantes que debateram o tema são mulheres, com idade entre 40 e 50 anos, que concluíram uma universidade, e que ganham menos de R$ 600 por mês. Na classificação por profissão, os profissionais de saúde foram os mais numerosos, seguidos por trabalhadores sem carteira assinada, aposentados, professores e sindicalistas.

As informações integram um relatório preliminar elaborado pelo professor Délcio Fonseca, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, com base em mais de três mil questionários aplicados durante as conferências estaduais de saúde do trabalhador, que antecederam a etapa nacional realizada em Brasília.

Em primeiro lugar estão os profissionais da saúde, com 48,7%. Em segundo, os trabalhadores por conta própria, com 11,33%. Mais da metade dos entrevistados participa dos conselhos de saúde existentes no país, e mais de 30% participa de algum sindicato ou associação de trabalhadores.

É o caso camelô Idison José da Silva, presidente da Associação Profissional dos Camelôs de Duque de Caxias (RJ). Sua vontade maior é que existam políticas públicas para os trabalhadores ambulantes. Na 3ª Conferência, ele propôs a implantação de um programa nacional de inclusão para o trabalhador informal. "Tenho visto um grande reconhecimento do coletivo, das propostas apresentadas e aprovadas. Eu nunca vi tanta abertura e preocupação com os trabalhadores", disse.

Além disso, Idison vê a importância dos trabalhadores informais pagarem a contribuição para a Previdência Social. "Temos trabalhadores que não pagam a previdência porque as condições que ele necessitava de trabalho, do dever público de orienta-lo, não foi cumprida, mas estamos fazendo uma campanha de orientação e esclarecimento para que as pessoas passem a pagar o INSS".

Já Neide Soares Pinheiro, delegada da conferência pelo Rio de Janeiro, se aposentou pelo Ministério da Saúde há quase dez anos e, hoje, luta pela melhoria do atendimento à saúde do trabalhador nos hospitais públicos. Ela espera que pelo menos um terço das propostas sejam aprovadas na 3ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador. "Com as aprovações, futuramente tudo será em benefício do trabalhador, tanto das repartições públicas, como privada e os trabalhadores informais. Queremos um Sistema Único de Saúde (SUS) com dignidade, que seja integral e que respeite todas as classes e etnias", afirmou.