Primeira bomba de infusão para pacientes de hemoglobinopatias será entregue em BH

18/11/2005 - 20h11

Brasília - A primeira bomba de infusão para uso de quelante de ferro (medicamento que reduz o excesso de ferro na corrente sangüínea), destinada a pacientes de hemoglobinopatias (anemia falciforme/drepanocitose e talassemia), será entregue amanhã (19) em Belo Horizonte pelo ministro da Saúde, Saraiva Felipe. A distribuição dessas bombas faz parte de programa de atenção integral lançado neste ano, a primeira política brasileira nesse setor da assistência. Os estados que se cadastraram no Ministério da Saúde receberão o equipamento em seguida.

Em parceria com a Organização Pan-americana de Saúde (Opas), o Ministério da Saúde adquiriu 500 bombas de infusão, suficientes para atender à demanda atual dos pacientes de hemoglobinopatias. Serão enviadas 50 para Minas Gerais, onde 2 mil pessoas têm diagnóstico de anemia falciforme.

Alguns pacientes de hemoglobinopatias adquirem elevada taxa de ferro no sangue, devido à grande quantidade de transfusões a que são submetidos. A bomba de infusão permite a adaptação de uma seringa que, ajustada ao corpo do paciente, injeta o quelante de ferro lentamente no organismo. A distribuição das bombas será feita em regime de comodato para que o paciente possa utilizá-la em casa.

Em 2005, o Ministério da Saúde investiu no programa R$ 6,4 milhões. Já foram comprados 30 mil filtros de leucócitos dentro do programa de atenção integral, cuja meta é o diagnóstico precoce e o cadastro dos pacientes. Para isso, está sendo implantado o Sistema Hemovida Ambulatorial, responsável pelo registro dos diagnósticos, consultas e tratamentos, pelo controle dos estoques de medicamentos e insumos, e também pela produção de relatórios de atendimento dos pacientes.

A anemia falciforme é a doença hereditária mais comum em todo o mundo. Atinge, principalmente, negros e afro-descendentes e se caracteriza por ser uma deficiência nas hemácias. Índices do Ministério da Saúde revelam que nascem 3,5 mil crianças com doença falciforme por ano. De cada grupo de 35 pessoas, um registra traço de anemia falciforme. Na Bahia, há um falcêmico para cada 650 nascidos vivos. No Rio de Janeiro, o índice é de um para cada 1.200 e, em Minas Gerais, Pernambuco e Maranhão, de um para cada 1.400 nascidos vivos.

A expectativa de vida de um portador de anemia falciforme no Brasil ainda é de 48 anos. Em crianças que não recebem o devido tratamento, o índice de mortalidade pode chegar a 80%. Quando atendidos em programa de atenção integral, a taxa de mortalidade nos primeiros anos de vida é de 1,8%.

Com informações do Ministério da Saúde