''Não'' é vitorioso em consulta organizada pelo Brasil em Túnis

18/11/2005 - 16h59

Spensy Pimentel
Enviado especial

Túnis - Uma vitória esmagadora do "não" sobre o "sim", maior ainda que a obtida no referendo sobre o comércio de armas, no mês de outubro, no Brasil. Dos cerca de 3 mil participantes da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação que visitaram o estande brasileiro na exposição paralela ao encontro, 98% responderam "não" à pergunta: "Você acha que um só país deve governar a Internet?".

A votação simbólica, em consonância com as teses defendidas pelo Brasil durante os debates da Cúpula, foi uma maneira encontrada pela delegação brasileira para divulgar a urna eletrônica utilizada no país. A urna foi apresentada como um exemplo concreto de como se pode utilizar as tecnologias de informação e comunicação em benefício da democracia.

O pequeno estande brasileiro contrastava com os grandes espaços utilizados por países ricos e empresas na exposição. Enquanto outros países distribuíam aos visitantes brindes típicos de feiras comerciais, como agendas e canetas, por exemplo, os brasileiros entregaram um CD contendo explicações sobre os programas de inclusão e cultura digital mantidos pelo governo federal, além de uma canção do ministro da Cultura, Gilberto Gil, cujos direitos autorais são abertos – ou seja, são livres a reprodução e a adaptação.

Segundo Beatriz Leandro, representante da Secretaria Geral da Presidência da República na organização do estande, as apresentações chamaram a atenção principalmente dos países africanos, que buscam modelos para promover a inclusão digital. Uma das conseqüências práticas desses contatos, diz ela, foi a articulação dos movimentos brasileiro e francófono de software livre. Até o ano que vem, países africanos como Senegal, Mali e Mauritânia, além da França e do Brasil, devem fazer três reuniões para tratar da cooperação nessa área.