Cecília Jorge e Juliana Andrade
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje, em entrevista coletiva de rádio, que a decisão sobre se disputará a reeleição em 2006 será tomada em março, abril ou maio. "Estou muito convencido de que o presidente da República não tem que fazer campanha eleitoral antes do momento que começa a campanha", justificou.
Segundo Lula, o adiamento da decisão tem o objetivo de evitar paralisar o país. "No Brasil, lamentavelmente, no ano de eleição, as coisas param. Eu tenho mais um ano e dois meses de mandato e quero exercitar este mandato na sua plenitude", disse.
Para a decisão de concorrer, o presidente explicou que precisa levar em consideração muitos aspectos, entre eles, o fato de ter sido contra a reeleição. "Por que eu não decidi ainda se sou ou não candidato? Por uma razão muito simples: quem acompanha a minha vida política sabe que eu, na Constituição de 1988, votei contra a reeleição".
Lula chegou a dizer que disputaria as eleições de 2006, mas, questionado sobre essa afirmação, o presidente disse que cometeu "um lapso". "Na verdade, a intenção era dizer se eu for para a disputa", esclareceu. Ele assegurou que não tem pressa de decidir sobre a reeleição. "Os meus adversários é que têm pressa, aliás eles estão demonstrando um certo nervosismo por conta de 2006", comentou.
O presidente disse que a decisão será tomada em conjunto com o Partido dos Trabalhadores e com seus colaboradores. "Se eu for candidato ou não for candidato, estarei em campanha porque eu vou ajudar um companheiro", acrescentou.
Lula afirmou também que não teme o embate político, se for candidato. As críticas dos adversários sobre o desempenho do governo, segundo ele, serão enfrentadas com a apresentação dos resultados positivos de programas estruturais, como o Bolsa Família e o de produção de biodiesel.
Sobre o PT, Lula afirmou que, apesar do atual momento crítico, o partido demonstrou vigor nas eleições internas. "Quando todo mundo imaginava que o PT estava morto, compareceram 320 mil filiados para escolher a nova direção do partido, em uma demonstração de vigor que poucas vezes foi dada na história política do Brasil", avaliou. O presidente acrescentou que a crise vivida pelo partido servirá como aprendizado que tem apenas 25 anos de existência. "É muito importante que aconteçam essas coisas com o PT enquanto o PT é novo para que a gente amadureça", defendeu.