Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu hoje (18) que o governo federal não tem repassado as parcelas previstas do Fundo Nacional de Segurança Pública para os estados, mas destacou que não é a falta desses recursos que está comprometendo a segurança nos estados.
De acordo com Lula, os governos estaduais são responsáveis por mais de 90% da segurança pública. "Cada governador, antes de dizer que o governo federal tem responsabilidade (na segurança pública dos estados), deveria dizer o que ele está fazendo. No Brasil, se tem muita facilidade de transferir responsabilidade", afirmou em entrevista a nove emissoras de rádio.
Lula lembrou que apenas o governo do Espírito Santo pediu intervenção federal na área de segurança pública. Ele disse que o governo está disposto a ajudar outros estados como Minas Gerais, ao ser questionado sobre a libertação, neste mês, de presos em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, por causa de superlotação da cadeia, e que agora terão de ser recapturados.
Ele sugeriu a colaboração entre os estados e o governo federal. "Mesmo que não exista dinheiro, nós temos homens, nós temos inteligência e nós temos disposição política. Não vamos fazer da ausência dos recursos que precisamos uma desculpa para não fazer o que precisa ser feito."
Questionado por uma jornalista da Rádio Itatiaia sobre declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que a política do Partido dos Trabalhadores (PT) é "ultraortodoxa" e reduz investimentos, Lula respondeu que não existe comparação entre seu governo e a gestão de FHC. "Contra ele (Fernando Henrique) existem os números de oito anos de mandato e os números dos 36 meses do meu. Os números falam por si só".
Lula citou a geração de 108 mil empregos formais por mês em seu governo e de 8 mil na gestão passada e comparou o superávit (saldo positivo) da balança comercial de US$ 41 bilhões de seu governo e de US$13 bilhões no mandato de FHC e disse que no governo anterior a média dos juros era o dobro da atual.
"Não existe comparação. Eu fico satisfeito não sendo presidente, ele (Fernando Henrique) pense de forma mais progressista do que quando exerceu o mandato", disse na entrevista coletiva.