Empresário diz não lembrar de detalhes do seqüestro de Celso Daniel

17/11/2005 - 23h44

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O empresário do setor de transportes Sérgio Gomes da Silva, conhecido como Sombra, disse em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos que, devido ao nervosismo, não lembrava de detalhes do seqüestro do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel. Contou não ter prestado atenção em como a porta do carona do carro abriu nem no rosto dos seqüestradores.

Na noite em que Celso Daniel foi seqüestrado, o empresário disse não ter saído em defesa do amigo porque ficou apavorado com a situação. "Tentava fazer o carro andar, não sabia por que as marchas não engatavam, com tiro para todo lado...é uma situação de terror", justificou. E completou: "Eu perdi um irmão, perdi mais do que um amigo. Aprendi muito com o Celso Daniel, era uma pessoa que eu gostava, admirava".

No início do depoimento, Sérgio Gomes da Silva afirmara ter telefonado para Fernando Ubrich logo após o seqüestro. A versão, no entanto, foi questionada pelos parlamentares: em depoimento horas antes, o ex-secretário de Serviços Municipais de Santo André, Klinger de Souza, disse que foi ele quem contou sobre o seqüestro a Fernando, assim que soube pela TV. Sérgio afirmou, então, não ter certeza sobre para quem teria ligado.

A senadora Heloisa Helena (PSOL-AL), que não integra a CPI mas foi convidada a participar do depoimento, perguntou sobre a versão dele para o seqüestro. O empresário respondeu: "Fomos atropelados por aquela quadrilha. Acho que estávamos passando na hora errada, no lugar errado. Minha dúvida é nenhuma sobre isso".

Sérgio Gomes da Silva foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo sob a acusação de ser o mandante do assassinato do ex-prefeito, em janeiro de 2001. Teve prisão preventiva decretada em janeiro deste ano e ficou preso até julho.