Michèlle Canes
Da Agência Brasil
Brasília – Crimes cometidos por militares deveriam ser julgados na Justiça Comum, defende a vice-presidente do grupo militante carioca Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra. Hoje, esses crimes são julgados pela Justiça Militar. "Somos a favor de uma proposta antiga do advogado Hélio Bicudo: julgamento de crimes praticados por militares não pode ser feito pelos próprios militares. A gente sabe que não há uma investigação correta", disse.
Em Curitiba, oficiais da 2ª Companhia de Fuzileiros foram afastados e serão julgados pela Justiça Militar, depois das imagens recentemente divulgadas de novatos sendo recebidos com trotes como afogamento com balde d´água, chineladas, choques elétricos e simulação de queimadura.
O comando do Exército em Brasília considerou inaceitável esse tipo de prática e o Ministério da Defesa divulgou nota informando que está acompanhando as providências sobre o caso. O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, disse que "ali houve um exagero que acabou levando uma certa preocupação em relação à imagem do Exército brasileiro. Foi por isso que nós tivemos que interferir".
Cecília Coimbra defende também que os envolvidos devem responder por crime de tortura. "Tortura é crime no Brasil. A legislação tem que ser cumprida. Esperamos que as instâncias do governo, ministérios e forças armadas, que eles façam uma investigação séria e coloquem essas pessoas fora dos seus cargos. É o mínimo. E que este caso possa servir como exemplo para que se tenha um pouco mais de fiscalização sobre os treinamentos militares no país", disse Coimbra.