Movimentos negros sugerem campanha institucional pela igualdade racial

17/11/2005 - 20h41

Fernanda Muylaert
Da Agência Brasil

Brasília - A promoção de uma campanha com o lema Direitos Culturais são Direitos Humanos foi sugerida ao governo federal por 12 representantes de movimentos negros que se reuniram na noite de ontem (16), no Palácio do Planalto, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros Márcio Thomaz Bastos, da Justiça; Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial; e Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência da República.

Eles levaram um Manifesto à Nação, com um diagnóstico sobre a desigualdade racial no Brasil, além de sugestões e reivindicações, como o fim da violência contra pessoas negras e das agressões contra religiões afro-descendentes, incluídos na campanha para maior inserção do negro na sociedade.

Segundo o professor Edson Cardoso, editor do jornal Irohin, "sugerimos que o governo fizesse uma campanha conjunta com o Ministério da Educação" que abrangeria os dispositivos da Lei 10.639, de 2003. A lei trata da introdução de conteúdos referentes à história da cultura africana no Brasil. "Isso resgataria nosso passado, mostrando que também temos direito à fé, à crença e à religião", acrescentou.

Ainda de acordo com Cardoso, os representantes dos negros sugeriram que o presidente Lula mudasse a data da campanha de combate à dengue, que coincide com o Dia da Consciência Negra no país – 20 de novembro. "Essa data acaba com uma comemoração tão dificultosamente construída pelo movimento negro", afirmou.

Para Maria Conceição Lopes Fontoura, coordenadora da organização não-governamental Maria Mulher, "o presidente Lula provou que conhece a sociedade brasileira e que está preocupado com a nossa causa". Ela lembrou que 54% da população do país são negros e que "o governo tem dado demonstrações de sensibilidade em relação à luta da população negra".

De acordo com o ministro Luiz Dulci, "já acatamos algumas medidas e as propostas de médio e longo prazo serão analisadas. Depois, convocaremos essas representações para dar um parecer e vermos o que pode ser feito em prol dos negros".