Estudo do Dieese aponta situação de vulnerabilidade para um terço dos trabalhadores negros

17/11/2005 - 19h58

Brasília, 17/11/2005 (Agência Brasil - ABr) - Um terço da população negra trabalhadora está em situação de vulnerabilidade. São trabalhadores assalariados sem carteira assinada, autônomos, sem remuneração ou empregados domésticos.

As informações fazem parte de estudo divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) – A Mulher Negra no Mercado de Trabalho Metropolitano: Inserção Marcada pela Dupla Discriminação.

No caso das mulheres negras, o estudo aponta que em Salvador, Recife e São Paulo o percentual ultrapassa os 50% e se explica pela forte presença da mulher negra no emprego doméstico. "As mulheres negras são a maioria nesse trabalho no qual se sobrepõe o preconceito racial, que põe a população negra num lugar diferenciado na sociedade", explicou a coordenadora do Projeto Gênero, Raça, Pobreza e Emprego da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Solange Sanches.

Dados da OIT sobre trabalho doméstico revelam que menos de 50% do total de empregadas domésticas contribuem para a Previdência Social. Isto significa que de 6 milhões de trabalhadoras, apenas uma pequena parcela terá direito a aposentadoria e a benefícios previdenciários como o auxílio-doença. Em São Paulo, apenas 35,8% contribuem para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social); em Salvador, 33,1%; em Recife, 32,9%; no Distrito Federal, 35,6%; em Belo Horizonte, 46%; e em Porto Alegre, 49,4%.

Os estudos divulgados hoje (17) tanto pela OIT quanto pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem), mostram que persistem as desigualdades entre brancos e negros e entre homens e mulheres.

O levantamento do Ipea e do Unifem revela que apenas 23% do total de mulheres negras que trabalham como empregadas domésticas têm carteira assinada – entre as trabalhadoras brancas, esse percentual sobe para 30%. O estudo apontou ainda que 64,6% dos negros estão entre os 10% mais pobres da população. Já entre os 10% mais ricos, só 22,3% são negros.

A pesquisa da OIT, entre outros aspectos, revelou que persiste o trabalho infantil doméstico entre as meninas negras com idade de 10 a 17 anos e que as mulheres negras continuam ganhando menos que as mulheres brancas.