Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A queda no número de horas trabalhadas na indústria é um sinal de alerta, diz o economista Júlio Gomes de Almeida, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Em setembro, os empregados da indústria brasileira trabalharam 3,92% horas a menos, segundo pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Segundo Júlio Gomes, antes de despedir o trabalhador, o empresário prefere reduzir as horas trabalhadas. "Despedir e contratar o trabalhador custa caro. Quando há queda na produção, ele espera para confirmar a situação e, antes de demitir, reduz as horas trabalhadas, corta horas-extras", destacou.
Almeida lembrou que a indústria vinha investindo no aumento da capacidade produtiva desde o fim do ano passado. No entanto, isso leva tempo para apresentar resultados na economia. "O empresário compra uma máquina hoje e só daqui a cinco, seis meses, vai se revelar em aumento da produção de calçados", disse.
Em virtude do quadro atual apresentado pela indústria, no entanto, no lugar do aumento da capacidade instalada houve redução do grau de utilização dessa capacidade. "Não há demanda. Sem demanda, vende menos. No entanto, tem capacidade de produzir mais. Não produz porque a venda não é tão grande, razão pela qual aumenta a capacidade ociosa", afirmou.