Brasília, 9/11/2005 (Agência Brasil - ABr) - O deputado Professor Luizinho (PT-SP), que encerrou há pouco seu depoimento no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, negou participação no repasse de R$ 20 mil para três pré-candidatos às eleições de 2004 no ABC paulista.
Os recursos foram sacados pelo ex-assessor do deputado, José Nilson dos Santos, na conta da SMP&B, empresa de Marcos Valério. E o saque estava autorizado pelo então tesoureiro do PT, Delúbio Soares. "Não pedi, não pedi a ninguém que fosse pedir, a ninguém que fosse buscar, nem busquei. Trata-se de uma relação de Nilson com Delúbio. Ele tinha autonomia para isso. E o dinheiro era para pré-campanha interna do partido, então nem caixa 2 existe", afirmou.
No depoimento, Professsor Luizinho admitiu ter falado com Delúbio sobre uma "demanda" do ex-assessor por recursos. "Falei com o Delúbio mesmo, mas como eles se resolveram depois, eu não sei. Os dois já afirmaram que não participei dessa negociação", acrescentou.
Integrante do Conselho de Ética, o deputado Josias Quintal (PSB-RJ) disse que há muita "ingenuidade" nos argumentos do deputado petista. Para Quintal, em princípio, é difícil acreditar que Professor Luizinho não sabia da negociação.
E o deputado Orlando Fantazzini (PSOL-SP) criticou o fato de Professor Luizinho ter atribuído o saque do ex-assessor a um homônimo, assim que as denúncias vieram à tona. "Passou pelo menos uma semana entre o dia em que o deputado apresenta a versão do homônimo para o dia em que ele admite que o sacador era seu assessor, que foi demitido só três meses depois disso", contabilizou Fantazzini, acrescentando: "Pode ser que esse tempo foi usado para preparar a defesa. O deputado não pode se defender com base em depoimento de amigos de longa data que podem não ter sido espontâneos"
Para esclarecer melhor o caso, o relator do processo, deputado Pedro Canedo (PP-GO), quer ouvir ainda Delúbio e José Nilson. Também deverão ser convocados os três pré-candidatos do PT (Antônio Aparecido, Daniel Barbosa, Lenita Silva) que teriam sido beneficiados com os recursos e o designer gráfico (José Nagot) que teria prestado o serviço para eles, pago com os R$ 20 mil. O requerimento das convocações será votado na reunião de amanhã (10) do Conselho de Ética. Em sua defesa, Professor Luizinho não apontou possíveis testemunhas.
