Prevenção é medida contra possibilidade de pandemia de gripe aviária, diz técnico

09/11/2005 - 23h14

Adriana Franzin
Da Agência Brasil

Brasília - O diretor substituto do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Jamil Gomes de Souza afirmou ontem (9), no programa Diálogo Brasil, que a prevenção é a primeira medida a ser tomada diante da possibilidade de uma possível pandemia causada pela mutação do vírus da gripe aviária. "Nós temos que prevenir e, se o vírus entrar, erradicar a doença", disse.

No estúdio da TV Nacional, em Brasília, ele destacou que isso não implica abater os animais. "Prevenir não significa matar as aves. Neste momento, as aves ornamentais dos parques e jardins não são ameaça. Só serão se começarem e morrer em grande quantidade". O diretor informou que, em caso de suspeita de contaminação, as pessoas podem entrar em contato com a superintendência do ministério nos estados.

No estúdio da TVE Brasil, no Rio de Janeiro, o infectologista e epidemiologista Roberto Medronho afirmou que as previsões dos riscos de pandemia servem para alertar e para incentivar as medidas adequadas de prevenção e controle. "Se houver essa provável mutação, atingindo o Hemisfério Norte no período do inverno, as conseqüências serão razoáveis".

Segundo ele, é fundamental que a sociedade não entre em pânico. "A grande preocupação é evitar a contaminação de aves para o ser humano. Caso isso aconteça, devemos adotar medidas para evitar que tenhamos a transmissão pessoa a pessoa. Mas é muito pouco provável que não ocorra uma infecção de homem para homem". Medronho destacou que o cozimento adequado elimina o risco de contaminação pelo consumo.

Do estúdio da TV Cultura, em São Paulo, o presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA), Zoé Silveira d’Avila disse acreditar que a gripe aviária tem contribuído para o aumento da exportação de frango no Brasil. "O aumento neste ano foi de 15%. Acho que isso é conseqüência da exportação dos países que foram atingidos pela doença. O consumo não caiu no Brasil". Para ele a população brasileira não deve se alarmar, pois vírus desse tipo nunca chegaram à América do Sul.

Também no estúdio da TV Nacional, em Brasília, Eiiti Sato, professor de Relações Internacionais na Universidade de Brasília, lembrou que até o momento não foi registrada queda acentuada no consumo mundial de frango. Ele, que é especialista em comércio internacional, explicou que os países são afetados em diferentes escalas. "Aparentemente o vírus é muito mais resistente ao frio que ao calor e isso já afeta os países de forma diferente. Havendo de fato uma pandemia, o efeito certamente não será uniforme. Pode ser que o Brasil seja severamente afetado e pode ser que não".

Os debates do Diálogo Brasil são mediados pelo jornalista Florestan Fernandes Júnior. O programa é transmitido ao vivo para todo país, sempre às quartas-feiras, das 22h30 às 23h30. Os telespectadores podem participar enviando perguntas e sugestões pelo e-mail dialogobrasil@radiobras.gov.br e pelo telefone (61) 3327-4210.