Madeireira demite funcionários e aguarda aprovação do plano de manejo florestal no Amazonas

09/11/2005 - 11h16

Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil

Manaus - A madeireira Gethal Amazonas demitiu na semana passada 300 dos 740 funcionários que emprega nos municípios de Manicoré e Itacoatiara, no Amazonas. A empresa analisa desde ontem (8) o termo de ajustamento de conduta proposto pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para conseguir aprovar o plano de manejo florestal, mesmo sem possuir o certificado que comprove a regularidade do título de propriedade da área em que atua – o Certificado de Cadastramento do Imóvel Rural.

"Precisamos fazer os cálculos para decidir se é vantajoso começar a trabalhar agora, no início do período das chuvas. Estimo que a gente vá ter uns 30 dias com possibilidade de retirar madeira, até junho do próximo ano, quando começa a estação seca novamente. Nesse curto período de tempo, devemos ter um volume de colheita que abasteça a fábrica nos próximos seis a sete meses", afirma Carlos Guerreiro, diretor de operações da madeireira.

Segundo ele, em 10 de junho a Gethal protocolou no Ibama o pedido de aprovação do plano de manejo. "Geralmente, demorava no máximo três semanas para sair a autorização. Mas até agora a gente não conseguiu. Como resultado do atraso, nossa produção foi reduzida à metade. Na semana passada, após colocarmos os funcionários em banco de horas e darmos férias coletivas, reduzimos em 40% nosso pessoal".

O chefe da Divisão Técnica do Ibama, Virgílio Ferraz, afirma que além do certificado (documento que se tornou obrigatório para a aprovação do Plano de Manejo Florestal a partir de setembro), a Gethal não apresentou um documento da Fundação Nacional do Índio (Funai) que autoriza a exploração da área. "Neste ano, a Gethal quer retirar madeira de uma área que fica a menos de dez quilômetros de uma terra indígena".

De acordo com o assessor da Diretoria de Assuntos Fundiários da Funai, Reinaldo Florindo, o documento do órgão deve garantir que a área não é de interesse indígena. "O processo passa por três setores da Funai, antes do atestado ser expedido. A análise dele demora em média seis meses, porque temos muitos pedidos e poucos funcionários", justifica.

A Gethal possui sede em São Paulo e retira madeira em Manicoré, mas a processa em Itacoatiara. A produção média é de 60 mil metros cúbicos de madeira em tora por ano e a madeira é vendida para empresas do sul do país e da Europa. No dia 8 de setembro, o diretor da empresa havia declara à Agência Brasil que a Gethal estava com prejuízos da ordem de R$ 300 mil por mês (20% do faturamento médio mensal de R$ 1,5 milhão). Os principais motivos apontados por ele na ocasião foram a concorrência da madeira chinesa no mercado europeu e a desvalorização do dólar.

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