Hospitais-sentinela ajudarão a prevenir mortes por gripe aviária, diz pesquisadora

09/11/2005 - 17h42

Melina Fernandes
Da Agência Brasil

São Paulo - Os hospitais-sentinela para o vírus da gripe aviária asiática, que o Ministério da Saúde está implantando em parceria com as secretarias estaduais, são essenciais para atuar em uma possível pandemia e salvar vidas. A opinião é da infectologista Nancy Bellei, responsável pelo laboratório de pesquisa de vírus do Hospital São Paulo, que deverá ser designado para hospital-sentinela na capital até o início do ano. Durante o risco de surto da pneumonia asiática (Sars), o hospital já teve essa função.

Atualmente, no estado, duas instituições já funcionam como sentinelas para a gripe aviária: o Hospital Infantil Menino Jesus e o Hospital Municipal José Storopoli. Até o início do ano, o Hospital São Paulo e o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto também deverão ser designados e o número de unidades poderá chegar a oito em meados de 2006. Segundo Nancy Bellei, ainda não foram repassadas informações sobre as mudanças na estrutura e no quadro de funcionários.

A pesquisadora explicou que os governos federal e estadual determinaram o aumento no número de postos de vigilância, medida que considera "necessária, uma vez que o mundo está em alerta de uma possibilidade de uma eventual pandemia". E esclareceu que os hospitais-sentinela mantêm o seu atendimento habitual, mas os funcionários têm por obrigação levantar dados específicos de pacientes com gripe e reportar ao governo.

Essa medida, segundo Bellei, é importante para identificar aumento no número de casos, áreas contaminadas, identificação de novos tipos de vírus, melhoria da prevenção e do tratamento. E é um tipo de pesquisa feito em todo o mundo. "É muito importante quando há uma pandemia você saber exatamente onde o surto está ocorrendo para poder tratar, fazer isolamento. Se você não tem uma vigilância, não consegue fazer isso".

A infectologia destacou ainda a importância dessa pesquisa: "Vai ajudar tanto para o vírus Influenza, que é de uma pandemia, como de outro vírus qualquer que possa aparecer (...) inclusive evitar pneumonia e complicações (...) Quanto mais você consegue saber como o vírus está circulando, maior número de cepas do vírus você consegue ter acesso. E isso é importante para a hora em que o Brasil tiver autonomia de produção de vacinas".