Estudo da FGV aponta que ensino superior cresceu 27% entre 2001 e 2003

09/11/2005 - 15h16

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – Segundo a pesquisa O Retorno da Educação no Mercado de Trabalho, o ensino superior cresceu 27% entre 2001 e 2003 no país. Esse crescimento foi impulsionado pelas instituições privadas. Divulgado hoje pela Fundação Getúlio Vargas, o estudo informa que três quartos dos 4,4 milhões de pessoas que cursam a educação superior no Brasil estão em universidades particulares.

Segundo o economista Marcelo Néri, coordenador da pesquisa e do Centro de Políticas Sociais da FGV, "educação gera educação porque é um processo dinâmico". Nesse sentido, ele destaca ser importante não só a quantidade de recursos alocados na educação "mas também a qualidade desses recursos".

Os impactos da educação universitária no mercado de trabalho são, segundo ele, o resultado de uma série de decisões tomadas durante toda a vida escolar. Disse ainda que a educação dos pais é portanto um fator determinante na educação dos filhos. "Há armadilhas de pobreza que são perpetuadas nesse processo", observou Néri.

Daí, segundo ele, a importância de o Estado ser agente no processo de fomento à educação, principalmente na educação infantil, na faixa etária que vai de zero a seis anos. "É aonde se nivela ‘o campo de jogo de pessoas’ com diferentes backgrounds (históricos) familiares."

Marcelo Néri reitera, contudo, que a incursão à universidade traz retorno para quem ingressa no mercado de trabalho. "Talvez então não haja tanta necessidade de universidades públicas financiadas no país." Ele defendeu assim a existência de um sistema de crédito. "Se as pessoas vão para a universidade e têm bons retornos advindos desses cursos, um sistema de crédito se adaptaria mais", afirmou.Partindo dessa premissa, Néri não considera preocupante o crescimento das universidades privadas. "O que me preocuparia é a redução da qualidade do ensino superior."