Danielle Coimbra
Da Agência Brasil
Brasília – Desde o dia 17 de agosto, as multinacionais Coca-Cola e Pepsi anunciaram que não vão mais vender refrigerantes nas escolas dos Estados Unidos. A medida visa diminuir a obesidade infantil, além de auxiliar a educação alimentar. Uma eventual aplicação da medida no Brasil seria vista como "positiva" pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
De acordo com a nutricionista da Coordenação de Educação Alimentar e Nutricional do ministério Aline Nascimento, a iniciativa é boa, apesar de não haver registros de ação desse tipo no Brasil. Ela afirma que o governo já vem traçando políticas para orientar as crianças a adotarem alimentação mais saudável.
"Desde março, todos os alunos de primeira a quarta série de escolas públicas urbanas e rurais do Brasil recebem cartilhas com temas de nutrição, educação saudável, como se alimentar melhor, o que são os nutrientes e onde eles são encontrados". Os professores também recebem essas informações. "São orientações de como trabalhar o conteúdo de nutrição com os alunos. A intenção é continuar com o programa todos os anos e englobar todas as disciplinas, como matemática, português e ciências", afirma.
Na Paraíba, o leite de cabra foi introduzido na merenda de 60 mil estudantes. A iniciativa implantada pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar a Nutricional (Consea) na Paraíba e pelo programa Fome Zero busca melhorar a alimentação de crianças e jovens. O leite é comprado dos pequenos agricultores e misturado com polpa de frutas. A bebida está substituindo os refrigerantes que antes faziam parte da merenda.
Procurada para falar sobre uma possível suspensão da venda de refrigerantes nas escolas brasileiras, a assessoria de comunicação da Coca-Cola afirmou que a empresa não possui um porta-voz para tratar sobre o assunto no país. "Esta política não se aplica no Brasil", disse a empresa por meio de uma nota. A Pepsi afirmou ainda que, a princípio, não teria como indicar um porta-voz e a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerante (ABIR) pediu para se pronunciar na próxima semana.
Segundo nota na página da American Beverage Association (Associação Americana de Bebidas), que inclui Pepsi e Coca-Cola, a indústria americana de refrigerantes anunciou no dia 17 de agosto uma "nova política de comércio em escolas", com o objetivo de "fornecer bebidas mais nutritivas e ou com menos calorias às escolas e limitando a disponibilidade de refrigerantes nas escolas". Pelo comunicado, a indústria americana se compromete a restringir esse fornecimento de acordo com o nível escolar.
No caso do ensino fundamental, chega a afirmar que apenas água ou suco de frutas puro serão comercializados. "O sucesso dessa política depende da implementação voluntária dela pelas companhias de bebidas e pela direção das escolas. A associação diz representar 20 indústrias que respondem por 85% do mercado de bebidas engarrafadas nos Estados Unidos. "Obesidade infantil é um problema sério nos Estados Unidos, e a responsabilidade por achar soluções é de todos, incluindo da indústria", afirma ainda a nota.