Michèlle Canes
Da Agência Brasil
Brasília - Os assassinatos de moradores de rua ocorridos no ano passado, em São Paulo, foram uma "ação conspiratória". A avaliação é de Paulo Ivan Moreira, representante do Fórum da População em Situação de Rua de São Paulo, que participou ontem e hoje do primeiro encontro em que foi discutirda a criação de uma política nacional para atender essa população.
Moreira disse acreditar que tudo foi feito de maneira que parecesse um briga entre grupos. E que o crime organizado está envolvido nas mortes de moradores de rua em São Paulo. "Eles dormiam em grupos por causa do medo. Em grupo, se alguém vier bater o outro acorda. Mas não aconteceu isso. Foi uma matança em série, com pauladas. Depois, as investigações apontaram para o envolvimento de pessoas pagas pelo crime organizado, porque alguns dos mortos seriam usuários de drogas e teriam dívidas", contou. Muitas testemunhas dos crimes foram intimidadas, mortas ou estão desaparecidas, acrescentou.
Para outro representante de São Paulo, Sebastião Nicomedes, a ação foi "uma covardia" de comerciantes que se sentiam incomodados com a presença dos moradores de rua. "A pobreza incomoda, atrapalha o turismo, as paisagens e as lojas deles. Eu acho que foi um recado, mas que deu errado, porque nós reagimos e nos unimos", afirmou.