Manifestação reúne no centro do Rio petroleiros que querem manter empregos

02/09/2005 - 12h21

Daisy Nascimento
Repórter da Agência Brasil

Rio - Uma manifestação em frente à sede da Petrobrás, no centro da cidade, reuniu na manhã de hoje (2) aproximadamente 150 funcionários da Refinaria de Manguinhos que tentam há mais de 30 dias evitar a demissão. Quinhentos trabalhadores, dos quais 330 funcionários da empresa e 170 terceirizados, podem perder os empregos caso não seja encontrada uma solução para a empresa, que interrompeu o refino de petróleo no dia 4 de agosto.

Os controladores da empresa - Rapsol, YPF e Grupo Peixoto de Castro - alegaram prejuízos por causa da diferença entre a cotação do petróleo no mercado internacional e os preços dos derivados praticados nos pais.

Durante a manifestação, 70 crianças atendidas pela Usina da Cidadania, um projeto social mantido pelos funcionários da Refinaria de Manguinhos, fizeram apresentações de teatro e música. Além dos funcionários ameaçados com o desemprego, o fechamento de Manguinhos vai prejudicar 400 crianças de comunidades pobres, com idades entre 10 e 16 anos, atendidas pelo projeto.

Os funcionários negociaram com os diretores da refinaria a manutenção dos empregos, mas o prazo acabou no dia 31 de agosto, depois de ter sido prorrogado por 12 dias. Eles também conseguiram da empresa a garantia de que as possíveis demissões não vão ocorrer antes da próxima segunda-feira (8), quando os acionistas devem dar uma resposta sobre o pedido de prorrogação do prazo até 30 de setembro, feito pelo Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro/RJ).

"Os trabalhadores também estão se expondo e dando a sua cota nesse momento de crise, para isso nós negociamos essa garantia de emprego", afirmou uma das diretoras do Sindicato, Márcia Duque Estrada Felipe. Ela disse que os funcionários pretendem fazer novas manifestações e reuniões em Brasília e com os controladores da Refinaria, para buscar alternativas que acabem com o impasse.

De acordo com Márcia Felipe, procuradores do Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro já se reuniram com representantes do Sindipetro/RJ e da Refinaria de Manguinhos para acompanhar as negociações e o processo de demissão, caso elas ocorram. "Nós não estamos ainda tratando disso diretamente com os trabalhadores porque é um banho de água fria na nossa campanha, mas com a responsabilidade que a gente tem precisamos pensar também no pior cenário", explicou a diretora do Sindicato.

Enquanto a solução não vem, funcionários como o coordenador de turno, Ivo Guimarães, 53 anos, 29 anos trabalhando da Refinaria de Manguinhos, vivem uma espera que já dura um mês. "Se a resposta for negativa vai ser um transtorno para todos nós. Hoje, com uma oferta muito menor que a procura vamos nos tornar mais um número do desemprego no Rio de Janeiro. O fechamento da Refinaria também vai significar mais um esvaziamento econômico do estado do Rio de Janeiro", lamentou o funcionário.