Brasileiros em Nova Orleans contam à filha que cidade enfrenta saques, roubos e estupros

02/09/2005 - 10h28

Benedito Mendonça
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O casal de brasileiros Alícia e Erivelto Oliveira Miranda que está em Nova Orleans, local mais afetado pela passagem do furacão Katrina, passa bem e aguarda autorização das autoridades norte-americanas para deixar a cidade. A informação foi dada hoje (2) pela filha de Erivelto, Mariana Mascarenhas Miranda. Ela mora em Belo Horizonte. O casal e mais um amigo viajaram de férias para os Estados Unidos, onde visitariam Nova Orleans e o Grand Canion.

Segundo Mariana, seu pai lhe disse por telefone que a situação da cidade é caótica. O local que seu pai está agora, afirmou, é em frente a um cassino famoso de Nova Orleans, e em frente foi instalado um quartel, que trouxe um pouco mais de segurança a quem está nas proximidades. "Está tendo muito saques, roubos e estupros, o que tem feito com que os soldados do Exército americano patrulhem a cidade com, no mínimo, uma metralhadora, para evitar uma desordem ainda maior".

De acordo com Mariana, o pai saiu do Brasil na quinta-feira (25/8) e chegou aos EUA na sexta-feira. Na segunda-feira de manhã, conta ela, quando passou o furacão, a cidade foi toda arrasada, a luz acabou, a comida e a água também. "O meu pai conseguiu ficar no hotel até quarta-feira de manhã quando o dono do estabelecimento disse que não teria mais como mantê-los no local".

Depois de dois contatos por telefone com o pai, Mariana se disse mais tranqüila e aliviada. "Ele me ligou pela primeira vez na quarta-feira e ontem me ligou novamente", contou, recordando ter falado por cerca de 10 minutos com o pai "e ele parecia bem tranqüilo apesar de toda a situação que está passando".

No entanto, o que o pai contou a ela ainda traz preocupação para toda a família Miranda. "Ele me contou que na quarta-feira ele iria tentar pegar um ônibus e ir para Houston, no Texas. Ele chegou a entrar no ônibus mas a Guarda Nacional americana parou o ônibus e pediu a todos que descessem do veículo que, segundo informações dadas por militares do Exército, seria utilizado para dar prioridade às pessoas doentes e idosos". Nesse momento, segundo ela, o pai voltou para o hotel e no outro dia tentou sair a pé da cidade, quando foi impedido pelo bloqueio militar nas saídas da cidade.

Segundo Mariana o pai relatou um episódio que marcou sua passagem pela cidade, além do furacão Katrina. "Uma pessoa foi tentar ultrapassar uma dessas barreiras e um soldado do Exército deu um tiro nela". Conforme relato de Mariana, o pai não teve como confirmar se a pessoa morreu ou se apenas ficou ferida. "Isso demonstra a situação de caos na cidade inundada", disse ela.

De acordo com Mariana, ela tentou falar com o consulado do Brasil em Houston, mas, "eles não tem muito o que possa fazer", uma vez que a cidade de Nova Orleans está bloqueada, ninguém entra e só sai com uma autorização. "É isso que eu estou tentando fazer. Ou seja, conseguir essa autorização para os meus pais", afirmou. Ela faz um apelo às autoridades diplomáticas brasileiras para tentar agilizar a expedição desse documento por parte do governo americano.