Alto custo impediu censo agropecuário nos últimos dez anos, diz presidente do IBGE

02/09/2005 - 17h02

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – Os valores elevados para a realização do Censo Agropecuário, que deveria ser feito a cada cinco anos, impediram o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de pela segunda vez consecutiva realizar a pesquisa. Os dados do levantamento revelariam a expansão do agronegócio brasileiro e os impactos desse crescimento sobre o meio ambiente e a estrutura de produção no período. A explicação foi dada hoje em entrevista exclusiva à Agência Brasil pelo presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes.

O último Censo Agropecuário foi realizado em 1995. De lá para cá, a previsão de recursos para o estudo não foi aprovada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que define os valores a serem destinados aos diversos setores do governo. "Todos os anos o instituto apresenta o projeto para realização do Censo Agropecuário e sempre, por conta dos recursos vultosos necessários para o trabalho, as pesquisas deixaram de ser incluídas na LDO", explica Nunes.

Segundo ele, para custear a pesquisa seriam necessários R$ 420 milhões. O levantamento poderá ser feito em 2006, já que foi aprovado na LDO do próximo ano. No entanto, a conversão do projeto em realidade depende de "disponibilidade orçamentária adicional", frisou o presidente do IBGE.

"Ainda não há hoje recursos suficientes para viabilizar o Censo Agropecuário, mas tendo em vista o interesse pela sua realização, o governo incluiu o censo na LDO e nós trabalharemos ao longo do ano de 2006 para obtenção desses recursos", afirmou Nunes. O presidente do órgão explicou que em troca dos recursos o governo solicitou ao IBGE que repense o projeto como um todo, buscando uma alternativa do ponto de vista orçamentário mais apropriada à situação do país.

A preparação desse novo modelo demandará em torno de dez meses de estudos, estima Nunes. A idéia é realizar o novo Censo Agropecuário em fevereiro de 2007, com um desenho que será definido agora, englobando visitas a campo pela equipe de recenseadores do instituto a cinco milhões de propriedades agrícolas para entrevistas referentes a tudo que elas produziram no ano de 2006.

A conclusão do novo modelo deverá passar pela aprovação do conselho consultivo do IBGE, formado por técnicos da instituição e especialistas de fora convidados. "O que nós estaremos fazendo daqui para frente é reunindo esse conselho para apresentar essa demanda nova, que é a possibilidade de redefinição do Censo Agropecuário. Se avançarmos nessa direção e o custo for efetivamente menor, a possibilidade de aprovação orçamentária dele aumenta", assegurou Eduardo Nunes.