Governo vai investigar situação nutricional de quilombolas e indígenas pela primeira vez

20/08/2005 - 9h50

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Pela primeira vez na história o governo brasileiro investigará a situação nutricional das comunidades remanescentes de quilombos e dos povos indígenas. A iniciativa é do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e faz parte da segunda etapa da primeira Chamada Nutricional. A primeira etapa começa hoje com o objetivo de recolher informações sobre peso, altura e crescimento de crianças menores de cinco do semi-árido brasileiro.

O Ministério do Desenvolvimento Social, em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) pretende acompanhar crianças em 34 distritos sanitários indígenas. A ação é apoiada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Fundação Cultural Palmares.

Segundo o secretário de Avaliação e Gestão da Informação do MDS, Rômulo Paes, há muito tempo se discute no Brasil a necessidade de se conhecer essas populações, muitas vezes consideradas "invisíveis". "Nós estamos atrasados em fazer esse levantamento. Nós já devíamos tê-lo feito há muitos anos. Nós estamos resgatando uma dívida, que é conhecer melhor essas populações tanto indígenas como quilombolas. No caso a dimensão nutricional e também a questão de saúde dessas populações".

De acordo com Paes, diferentemente do levantamento da primeira etapa da chamada, que será realizada em um único dia, esta pesquisa exigira mais tempo. "A estratégia de vacinação para essas comunidades é distinta. O semi-árido segue o padrão nacional, onde em um único dia se faz a vacinação de uma só vez. Para essas comunidades, devido a dificuldade, inclusive de acesso, a estratégia é distinta. Além disso, como o grau de desinformação sobre os quilombolas e indígenas é muito grande , nós vamos não só aferir o peso das crianças, mas também da população adulta". O levantamento nas comunidades de remanescentes de quilombos e de indígenas já está em planejamento e deverá começar até o final do ano, segundo informou o secretário.