Porto Alegre, 15/8/2005 (Agência Brasil - ABr) - O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária no Rio Grande do Sul (Incra/RS) informou hoje (15) que um dos proprietários da Fazenda Santo Isidro, no município de Boa Vista do Incra, no Norte do estado, manifestou interesse em vender a propriedade para o Instituto. Segundo a superintendência regional do Incra, é necessário aguardar o término do processo de partilha entre os herdeiros, para que a vistoria para fins de reforma agrária possa ser realizada.
A Santo Isidro, que tem mais de 600 hectares, foi invadida no último sábado, por cerca de 120 pessoas ligadas ao movimento "Tupan 3E", da região. Os invasores permanecem acampados na propriedade, às margens da rodovia RST-481. O vice-líder do movimento, Alexandre Martins Cavalheiro, disse que a invasão "é pacífica e tem por objetivo acelerar o assentamento das famílias". Segundo ele, o Incra já teria negociado a compra de 50% da fazenda.
Em Sananduva, também no norte do estado, os inspetores do Incra não puderam realizar a vistoria da Granja Três Pinheiros, invadida por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A propriedade havia sido ocupada no dia 25 de julho e os colonos sem-terra foram retirados do local pela Brigada Militar por decisão judicial no início deste mês. O trabalho seria feito na tarde desta segunda-feira, mas uma liminar expedida pelo juiz César Augusto Vieira, da Justiça Federal de Passo Fundo, impediu a análise da terra.
A Três Pinheiros tem 2,1 mil hectares e pertence a uma empresa agrária falida que está sob responsabilidade do Banco do Brasil. Segundo o advogado da massa falida, Paulo Sgarbossa, a legislação federal proíbe que áreas invadidas sejam vistoriadas antes de decorridos dois anos. O juiz ainda determinou multa diária de R$ 10 mil caso o Incra desobedeça à decisão.
Em Eldorado do Sul, na região Metropolitana de Porto Alegre, a Polícia Militar gaúcha acerta os últimos detalhes para a operação de reintegração de posse da Fazenda Agropecuária e Cabanha Dragão, invadida há mais de 50 dias por integrantes do MST. Segundo o comandante da corporação na região, coronel João Nivaldo Duarte, a desocupação deverá ser realizada ainda nesta semana. "A PM quer fazer a operação de forma que não haja riscos para as partes", explicou. A decisão da retirada imediata dos invasores foi ordenada na quinta-feira (11) pelo juiz Gilberto Schäfer, da 1ª Vara Cível de Guaíba.
