Daisy Nascimento
Repórter da Agência Brasil
Rio – Do total de casos de violência contra crianças e adolescentes registrados no Núcleo de Atenção à Violência (Navi), metade é por abuso sexual, sendo que 60% das ocorrências são praticadas pelos pais ou padrastos. O Navi é uma organização não-governamental (ONG) criada oficialmente em 1999, que desde 1996 atende vítimas de abuso sexual.
De acordo com coordenadora da ONG, Simone Gryner, as mulheres respondem por 70% do total de casos de violência sexual, e metade dos casos acontece com meninas de 2 a 11 anos, enquanto a outra metade com adolescentes entre 12 e 21 anos.
Ela explicou que existe um diferencial em relação ao sexo masculino, não só numérico, mas também quanto à natureza dos encaminhamentos. Entre os casos registrados, a violência sexual envolve 70% de crianças e 30% adolescentes, sendo que alguns dos adolescentes são os autores dos crimes e foram encaminhados ao Navi pela justiça.
Para Gryner, uma das dificuldades é o fato de que, na maioria das vezes, a prostituição infantil-juvenil representa a única fonte de renda de toda uma família. Além disso, um agravante seria a falta de entidades que acolham essas crianças para tratamento, fora da via judicial. Ela elogiou a iniciativa do Governo Federal de promover uma campanha contra a exploração sexual infanto-juvenil. "Só o fato de podermos falar sobre o assunto, sermos incentivados a denunciar, é extremamente positivo e pode ajudar a reverter o quadro atual".
Do início dos trabalhos até hoje, cerca de 850 pacientes foram encaminhados ao Navi para tratamento e acompanhamento.