Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o Tráfico de Armas ouviu nesta quarta-feira, em sessão reservada, uma testemunha que denunciou detalhes de um esquema de tráfico de armas na fronteira com a Argentina. De acordo com essa testemunha, crianças são usadas como "mulas" para transportar armas das cidades argentinas para as brasileiras.
"Ela diz que meninos de 12 ou 13 anos circulam livremente com armas na fronteira. Isso nos preocupa muito", afirmou o presidente da CPI, deputado Moroni Torgan (PFL-CE). "Outro fato grave que ela citou é a possível participação de alguns membros da Forças Armadas e da Polícia que estariam vinculados ao tráfico de armas. Não disse o nome, mas o setor em que eles trabalham", acrescentou.
A testemunha ouvida hoje não teve a identidade revelada. Os integrantes da CPI informaram apenas que se trata de uma mulher, vinda do Rio Grande do Sul e atualmente presa por intermediar compra ilegal de armas para uma das maiores quadrilhas de roubo a bancos e carros-fortes da região Sul. Ela teria sido convencida a entrar no esquema em troca da contratação de um advogado para defender o filho, preso por assalto.
"Foi um depoimento importante para nos mostrar a facilidade com que esse tráfico é feito na região de fronteira com Argentina. Tínhamos o Paraguai como grande fornecedor. Agora sabemos que a Argentina é um corredor incrível para tráfico de armas de alto calibre, inclusive artilharia antiaérea", contou o presidente da CPI do Tráfico de Armas. Ele informou que pedirá explicações ao governo argentino nos próximos dias. E destacou: "Com a possibilidade de o Brasil proibir a comercialização de armas, a tendência é o tráfico ficar maior para suprir não só os delinqüentes, mas pessoas que queiram ter armas irregularmente."
Na próxima quarta-feira (18), a CPI ouvirá o ex-policial Marco Túlio Prata, o Pratinha. Na casa dele, a polícia mineira encontrou 17 armas de calibres diversos, uma carabina, uma pistola semi-automática, munição, dez granadas, silenciadores e bombas de fabricação caseira. Os policiais chegaram até Pratinha quando buscavam documentos da DNA Propaganda – uma das empresas de Marcos Valério de Souza, apontado como operador do suposto esquema de pagamento de mesadas a parlamentares, investigado em Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito (CPMIs). Marco Túlio é irmão do contador da empresa, Marco Aurélio Prata.