Dirceu diz que irá à Justiça quando Jefferson não for mais deputado

02/08/2005 - 21h09

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O deputado José Dirceu (PT-SP) afirmou hoje (2), durante depoimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, que pretende processar judicialmente o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), autor das denúncias do suposto mensalão. Segundo Dirceu, a ação será movida somente quando Jefferson não estiver mais na Câmara dos Deputados como parlamentar.

"Meu advogado me orientou a não fazer isso. Nós, como deputados, temos imunidade parlamentar e, por isso, a ação estaria condenada ao fracasso. Mas assim que ele deixar de ser deputado, vou fazer isso", disse o ex-ministro.

Durante o depoimento, José Dirceu negou reiteradas vezes todas as denúncias feitas por Jefferson sobre o seu envolvimento com o pagamento do suposto mensalão. "Não participei de nenhum ato ilícito. Se existe mensalão, isso vai ficar comprovado", afirmou.

O ex-ministro da Casa Civil também defendeu que a Câmara dos Deputados retome a rotina normal dos trabalhos, com a votação de matérias importantes para o país, sem prejuízo às investigações em curso nas Comissões Parlamentares de Inquérito e no Conselho de Ética. "É preciso que o país saiba que os deputados estão aprovando leis importantes. Isso independe ser da situação ou da oposição", ressaltou.

José Dirceu disse ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não compactua com qualquer tipo de corrupção. "No governo Lula foram instaladas várias CPIs, enquanto no governo Fernando Henrique Cardoso, nenhuma", ressaltou.

Ele também fez um mea culpa ao reconhecer ter pré-julgado Eduardo Jorge, secretário-geral da Presidência da República no governo Fernando Henrique Cardoso – que deixou o governo após denúncias de corrupção. "Não tenho vergonha de reconhecer que errei quando pré-julguei o Eduardo Jorge. Mas o país até hoje não sabe o que aconteceu nas privatizações, na crise do setor elétrico. No governo Lula, tudo o que foi levantado pela oposição está sendo investigado", acrescentou.