Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Uma comitiva de indonésios com cerca de 15 pessoas esteve hoje (2) no Ministério da Saúde para conhecer o Programa Nacional de DST e Aids. O trabalho brasileiro em relação à epidemia de aids entre os usuários de drogas, especialmente as de uso injetável, foi o principal objetivo dessa visita. Participaram o coordenador nacional de aids e o diretor de narcóticos desse país.
A epidemia de aids na Indonésia tem ocorrido pelo uso de drogas injetáveis. Entre 2003 e 2004, dobrou o número de casos de aids registrados no país. A estimativa é de que 52% dos casos acontecem entre usuários de drogas injetáveis. E, nos últimos dois anos, 80% das novas contaminações foram dessa categoria.
Segundo o consultor do programa de prevenção do governo australiano para a região do sudeste asiático, Fábio Caldas, que acompanha o grupo, o interesse dos indonésios se dá pela semelhança entre os dois países: ambos têm riquezas naturais e econômicas e uma população socialmente excluída. Caldas conta que a Indonésia vive reflexões que os brasileiros já tiveram há cerca de dez anos, em relação à redução de danos entre os usuários de drogas.
"A experiência do Brasil, é sem dúvida, nos países em desenvolvimento, uma das mais sólidas, mais respeitadas mundialmente", afirma.
Os visitantes conheceram também as ações de prevenção e tratamento aos portadores do HIV. A diretora adjunta do Programa Nacional de DST e Aids, Mariângela Simão, disse que, apesar de ser uma visita apenas para o intercâmbio de informações, o encontro abre a possibilidade de cooperação futura entre os dois países.
Adotada pelo Ministério da Saúde em 1994, a estratégia de promover a saúde dos usuários de drogas injetáveis mudou o perfil da epidemia no Brasil. Naquele ano, 21,4 % dos casos de aids notificados tiveram relação direta ou indireta com o uso de drogas por via venosa. Em 1993, foram 4.926 notificações, considerando homens e mulheres. Em 2003, houve 1.871 casos de aids nessa população específica, de acordo com o Boletim Epidemiológico 2004.
Formada por aproximadamente 20 mil ilhas, a Indonésia é a maior nação muçulmana e a quarta mais populosa do mundo, com 240 milhões de habitantes. No Brasil, os indonésios já visitaram a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e um presídio, no Rio de Janeiro. Amanhã e quinta-feira, eles estarão em São Paulo e Santos, onde devem conhecer projetos que trabalham com redução de danos.