Governo e empresários brasileiros elogiam aproximação com Casa Branca

02/08/2005 - 20h59

Cristina Índio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio – A reunião do Grupo Brasil-Estados Unidos para o Crescimento foi uma boa oportunidade para que todas as partes tomassem contato entre si, pessoalmente, na avaliação do embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Roberto Abdenur. Participaram do encontro o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, o secretário do Tesouro norte-americano, John Snow, e empresários dos dois países.

Abdenur informou que durante o café da manhã, os empresários foram apresentados planos de investimentos de suas empresas, mas expuseram, também, as preocupações quanto ao que acham que os governos devem fazer. Entre elas, a redução de impostos e promoção de mais negociações na área comercial.

Os empresários brasileiros também elogiaram a iniciativa. "Estive recentemente nos Estados Unidos e encontrei alguns políticos. Alguns não sabiam onde fica o Brasil. Até brinquei perguntando se não era o caso de fazer a semana ou o ano do Brasil nos Estados Unidos e ir para Washington mostrar um pouco do Brasil", disse o presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli após o encontro.

O presidente da Federação de Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira disse que os Estados Unidos é um parceiro fundamental para o Brasil, mas destacou que é importante que a economia funcione sem protecionismo.

Gouvêa Vieira disse que no encontro o presidente da Embraer, Maurício Botelho chegou a mencionar as dificuldades que a empresa enfrenta em função de alguns subsídios indiretos que países concedem aos competidores.

O presidente da Firjan informou que foi comentado, ainda, o desconhecimento por parte dos Estados Unidos na real economia brasileira. "Existem opiniões de que somos apenas um país de uma produção fantástica agrícola. Ótimo, beleza, mas temos produtos de ponta com tecnologia embutida. Temos que nos valorizar", disse.

Para o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carlos Langone, o encontro foi uma discussão muito franca sobre as oportunidades de investimentos e de comércio entre o Brasil e os Estados Unidos. "Diria uma visão bastante otimista por parte do governo americano a cerca das perspectivas brasileiras em termos de crescimento e de investimento", completou.

O economista avalia que os serviços financeiros, a inovação tecnológica e tudo relacionado à propriedade intelectual, no Brasil, são áreas de grande interesse dos Estados Unidos."São setores que os Estados Unidos são muito competitivo", disse.

Pelo lado de empresas americanas que atuam no Brasil, o economista disse que foi bem recebido o anúncio de investimentos expressivos de algumas como a GE. Representantes da empresa informaram que pretendem reativar a fábrica de locomotivas no Brasil "Senti um clima bastante otimista em relação ao Brasil", afirmou.

A reabertura da planta de produção de locomotivas da GE está sendo negociada com a Companhia Vale do Rio Doce, conforme informou o presidente da CVRD, Roger Agnelli. " Isso é uma oportunidade. É uma plataforma importante para a GE, nós somos um grande cliente da GE no Brasil", afirmou.

Segundo Agnelli no ano passado de 1000 locomotivas fabricadas pela empresa cerca de 10% foram comprados pela Vale para investir em ferrovias", disse. Agnelli disse que o local para a instalação da fábrica ainda está sendo estudado, mas há possibilidade de que seja escolhida a região de Taubaté e Pindamonhangaba. "A gente está conversando no aspecto técnico, no volume no número de locomotivas que a gente tem interesse em comprar", afirmou.

O grupo de Grupo de Crescimento foi lançado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George Bush, durante a visita de Lula a Washington, nos Estados Unidos, em junho 2003. O embaixador afirmou que a idéia é incentivar um diálogo bilateral em busca de diferentes modos de estimular as economias.