Brasil pode ajudar processo eleitoral na Bolívia, diz Marco Aurélio Garcia

10/06/2005 - 16h09

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O fornecimento de gás deve-se normalizar e o Brasil pode ajudar o processo eleitoral na Bolívia. Foi o que afirmou o assessor-chefe da assessoria especial da Presidência da República do Brasil, Marco Aurélio Garcia, após conversar por telefone com o novo presidente da Bolívia, Eduardo Rodríguez, ex- presidente da Corte Suprema de Justiça, que assumiu o cargo com a tarefa de convocar novas eleições.

"Eu o felicitei pelo fato dos bolivianos terem encontrado uma saída pacífica para a crise", disse. Ele informou que o presidente Lula enviará uma mensagem, reiterando a disposição do governo brasileiro em continuar cooperando com a Bolívia, "como fez até agora".

O assessor falou ainda que o Brasil poderá auxiliar o país vizinho no processo eleitoral, se solicitado. "No país há mais de 110 milhões de eleitores, nós temos um moderno sistema votação e de computação. Se a experiência institucional e a organização da justiça eleitoral brasileira interessar aos bolivianos, nós podemos cooperar, como já fizemos com outros países". Contudo, ele reafirma que o apoio brasileiro no processo eleitoral deve ser decorrente uma "demanda do novo governo".

Garcia acredita que com o fim do impasse político na Bolívia o abastecimento de gás no Brasil deve ser normalizado em breve. "Eu tenho a impressão de que, com a resolução da crise política, nós vamos ter provavelmente, a partir de hoje ou de amanhã, a reativação das atividades de envio de gás. Mas isso ainda não é algo preciso."

Na opinião de Garcia, a Bolívia está mais tranqüila após as renúncias do presidente da Bolívia, Carlos Mesa, e dos presidentes do Senado, Hormando Vaca Diez e da Câmara, Marío Cossío, votadas ontem em sessão extraordinária no Congresso. O país "entra agora em uma agenda de política institucional", cujo tema central é a realização das eleições.

"As eleições têm que ser um momento de aferição nacional das vontades políticas do país. Tem que ver se isso será acompanhado de uma aferição só para presidente ou só para vice; se haverá dissolução do Congresso, se existirá eleição de novo Congresso e se esse novo Congresso será constituinte ou não", pontuou Garcia. "Esses são os temas políticos que começam entrar em discussão agora."

Segundo o assessor, Rodríguez tem até 90 dias para organizar a convocação de eleições.