Atraso de até 4 meses nas operações preocupa pacientes com aneurisma no HSE do Rio

10/06/2005 - 12h02

Jorge Eduardo Machado
Repórter da Agência Brasil

Rio - Pacientes com problema de aneurisma na aorta internados no Hospital dos Servidores do Estado (HSE), no Centro do Rio, reclamam da demora para realizar as cirurgias. Segundo eles, falta uma prótese — material necessário para a operação vascular — no hospital, que é administrado pelo Ministério da Saúde. Alguns estão há quatro meses aguardando na fila. O Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social (Sindsprev) afirma que, desde 2003, sete pessoas já morreram devido à demora na realização da cirurgia.

"Temos outros pacientes que correm risco de morrer por que não há prótese. Esse pedido foi feito desde julho de 2003. Até uma enfermeira do hospital, que necessitava da prótese, morreu. Temos seis pacientes ocupando leito há mais de três meses aguardando. Foram internados mais seis nos últimos dias. E outras 20 pessoas aguardam na fila", afirma a diretora do sindicato Maria da Conceição Santos.

Internado há quatro meses no HSE, o aposentado Custódio de Oliveira, de 74 anos, diz que tem medo de morrer por causa da demora. "A direção diz que o material vai chegar, mas nunca chega. Se não operar logo, vou falecer, como outros pacientes. Sinto uma angústia muito grande. Tenho um receio muito grande de morrer", revela, emocionado, o ex-funcionário do estado.

A diretora do Hospital dos Servidores do Estado, Ana Lipke, informa que já foi feito um pedido emergencial, no dia 30 de maio, de compra de prótese para quatro pacientes, que chegou ontem à consultoria jurídica do ministério. Ela argumentou que o fato de o material ser caro — cada unidade custa cerca de R$ 39 mil — e não ser fabricado no Brasil faz com que as cirurgias demorem, já que o prazo de entrega dado pelo fornecedor é de 90 dias. A diretora ressaltou que o HSE é o único da rede pública do Rio de Janeiro que faz esse tipo de cirurgia.

Ana Lipke não confirmou se realmente morreram sete pacientes no hospital devido à longa espera pela cirurgia. Ela disse que cabe ao sindicato provar a denúncia e acrescentou que, para ela, constam seis pacientes na fila. "Esses pacientes antigamente morriam quando não existia endoprótese. Agora eles realmente têm uma chance de sobrevida. Estamos com os pacientes internados porque, se eles forem para casa, correm risco de vida. Todo mundo sabe que aneurisma de aorta sempre foi a grande causa de mortalidade em cirurgia vascular. Pelo menos aqui eles estão aparentemente bem, com medicação, mas a gente sabe que eles têm risco", salienta a médica.