Após promessa de eleições, protestos cessam na Bolívia, diz embaixada brasileira

10/06/2005 - 15h27

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Foram suspensas, temporariamente, as manifestações de rua na Bolívia, após o anúncio de eleições gerais no país. A informação é do ministro conselheiro da embaixada brasileira na Bolívia, Carmelito Melo. Ele acredita que a convocação de novas eleições foi a solução encontrada "pela constituição boliviana quando a presidência recai no presidente da Corte Suprema ele deve convocar imediatamente eleições".

Caso os presidentes do Senado ou da Câmara tivessem assumido o cargo eles terminariam o atual mandato que vai até 2007. Na atual situação Eduardo Rodrígues deveria convocar eleições para presidente e vice-presidente que governariam até o fim do mandato de Carlos Mesa. Mas, segundo Carmelito Melo, pela situação do país e a pedido da sociedade, a tendência é que se façam eleições gerais para presidente, vice-presidente, senadores e deputados. "Assim começaríamos um novo período constitucional, um período de cinco anos". O conselheiro conta que a expectativa é de que as eleições sejam convocadas o mais rápido possível. "A função do presidente é convocar as eleições e conduzir o processo", afirma.

Segundo Carmelito, a vida já volta à normalidade em La Paz após Eduardo Rodrígues assumir a presidência. "Não há mais manifestações e o trânsito está fluindo. Houve desmobilização em La Paz, não há protestos e a cidade está tranqüila. No entanto, os movimentos sociais mais radicais, mais especificamente na cidade de El Auto, continuam com o bloqueio e, em conseqüência, La Paz continua bloqueada. Porém há uma indicação de que haverá uma trégua que permitirá o abastecimento pelo menos de combustível em La Paz". Para o conselheiro, embora falte combustível e gás de cozinha, há comida para a população na capital boliviana.

Carmelito Melo conta que o Brasil acompanhou a evolução dos acontecimentos sem interferir e considera que não há razões para serem prejudicadas as relações entre Brasil e Bolívia, apesar da questão em torno da nacionalização das reservas de gás. "Existe uma relação de dependência mútua. Graças aos investimentos brasileiros na Bolívia o país se tornou a segunda maior reserva de gás da América do Sul e o Brasil é um grande comprador do gás boliviano. A Petrobras é responsável por mais de 20% da arrecadação de impostos no país". Para ele agora é preciso aguardar pelos desenrolar dos acontecimentos. "A questão fundamental é ver onde o poder no país vai ficar, se no Congresso ou se nas ruas, com as minorias radicais. Esse é o desafio para os próximos dias", afirma.

Os congressistas bolivianos votaram na noite de ontem (9), em sessão extraordinária, a renúncia do presidente Carlos Mesa. Assumiu o cargo Eduardo Rodrígues, que era presidente da Corte Suprema boliviana. Para que Rodrígues assumisse o cargo, renunciaram ao posto o presidente do Senado, Hormando Vaca Díez e da Câmara, Mario Cossío. A votação e posse do novo presidente aconteceram na cidade de Sucre, capital constitucional que fica a 740 km de La Paz.