CPI do Tráfico de Armas conclui que PCC está presente com ramificações no Rio Grande do Sul

03/06/2005 - 18h55

Lupi Martins
Repórter da Agência Brasil

Porto Alegre – Depois de três dias de trabalho em Porto Alegre, a Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Federal que investiga o tráfico de armas concluiu que há ramificações do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa, no estado e que no mínimo 20 pessoas estão envolvidas. Elas poderão ser mais investigadas com a quebra o sigilo telefônico, bancário e fiscal. Uma testemunha encapuzada, ouvida na tarde de hoje (3), confirmou que o Rio Grande do Sul é uma das quatro principais rotas de entrada de armas e munições no país. Elas viriam do Uruguai e da Argentina há, pelo menos, três anos.

O presidente da CPI, deputado Moroni Torgan, diz que ficou comprovado que há mais de 30 ramificações do tráfico de armas atuando em pontos diferentes do estado, o que fará com que a comissão volte breve ao Rio Grande do Sul para dar continuidade às investigações. Ele afirma que "há empresários, comerciantes, gente da sociedade e, também, autoridades envolvidos com o tráfico de armas". Torgan informou também que alguns braços do tráfico ainda estão sendo implantados no estado – "isso estaria acontecendo, pelo que foi investigado, ainda nesta semana".

A comissão concluiu também que, com a Lei do Abate, as armas deixaram de entrar por aviões, sendo trazidas por via terrestre. Um exemplo é o caso de um homem preso ontem à noite, na estação rodoviária de Porto Alegre, descendo de um ônibus de linha vindo da Argentina. Ele trazia uma espingarda calibre 12, uma pistola 45 e farta munição.

Na manhã de hoje, a CPI pediu quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico dos médicos e irmão gaúchos, de Santa Cruz do Sul, Carlos Henrique e Paulo César Gross. Os dois foram presos com grande quantidade de armas modernas e de grosso calibre e farta munição, mas já estão soltos.

Carlos Henrique deveria depor hoje, mas não compareceu à Assembléia Legislativa, enviando por um advogado um atestado médico. Moroni Torgan informou que a CPI deve voltar ao Rio Grande do Sul depois realizar reuniões no Paraná e em São Paulo.