Hackbart: raiz do problema fundiário no Brasil é a altíssima concentração de terras

19/05/2005 - 8h55

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A raiz do problema fundiário no país é a altíssima concentração da propriedade da terra. A afirmação foi feita pelo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, no programa Diálogo Brasil exibido nesta quarta-feira (18) pela TV Nacional em rede de emissoras públicas.

Hackbart disse que o produtor rural não sofre nenhuma ameaça com a reforma agrária,. "O governo está respeitando a legislação, tem incentivos, tem políticas públicas. Nós estamos obtendo imóveis que não cumprem sua função social". Ele revelou que há três formas de adquirir imóveis para a reforma agrária: a desapropriação pelo não-cumprimento da sua função social, com propriedades acima de 15 imóveis fiscais; a recuperação de terras públicas e a compra de imóveis quando os proprietários ofertam as terras ao governo.

Em São Paulo, no estúdio da TV Cultura, o conselheiro e ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira, Luiz Marcos Suplicy Hafers, afirmou que a reforma agrária no Brasil é um problema de má gestão. "Acho que o grande inimigo do MST não somos nós, é a má gestão da burocracia e não digo só do Incra não, digo de toda a burocracia".

Hafers disse que os ruralistas se sentem constantemente ameaçados pelo MST. "O problema é a ameaça que pesa sobre todas as nossas fazendas. Nós achamos que, a cada passo, vamos ser encurralados e expulsos e é de um lado o Comitê de Política Monetária (Copom) e de um lado vocês (do MST). Se eles parassem de nos ameaçar, de invadir, nós somos até parceiros, porque no momento em que o sujeito virar fazendeiro proprietário ele vai querer ser sócio da sociedade".