Hackbart considera vitória do diálogo o resultado das negociações da Marcha dos Sem-Terra

19/05/2005 - 8h52

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A execução da reforma agrária foi determinada como prioridade pelo presidente Luiz Inácio Lula Silva, segundo afirmou o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, no programa Diálogo Brasil, transmitido nesta quarta-feira (18) em rede pública de televisão.

Hackbart classificou de "uma vitória do diálogo" o resultado das negociações da Marcha dos Sem Terra. "O governo Lula dialoga com todos os movimentos sociais, com todos os setores produtivos do país e nós tivemos uma pauta de acordo para avançarmos nas medidas de desenvolvimento do meio rural", afirmou.

Segundo Hackbart, uma das medidas que mostram a prioridade dada à reforma agrária, é a implantação, pelo Incra, do 2º Plano Nacional de Reforma Agrária, que tem três eixos. "Primeiro, obter terras e assentar as famílias; segundo, recuperar os assentamentos da reforma agrária e terceiro, recadastrar todos os imóveis rurais desse país. Não existe desenvolvimento econômico social sem o desenvolvimento do meio rural de forma sustentável. Essa é uma prioridade", afirmou.

No estúdio da TV Nacional, em Brasília, o representante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, disse que o movimento já vem reivindicando ao Incra e ao presidente Lula que o programa de reforma agrária seja iniciado pelas terras improdutivas, que poderiam produzir algum tipo de alimento "para matar a fome do povo brasileiro, mas que na grande maioria estão sendo utilizadas para algum tipo de especulação imobiliária".

Rodrigues lembrou que o objetivo do MST é "garantir o assentamento de todas as famílias que hoje estão em situação de miséria nos acampamentos". Ele esclareceu que as ocupações do MST são feitas "para chamar a atenção da opinião pública e do Estado brasileiro para resolver o problema das áreas que são improdutivas". De acordo com ele, "a maioria das ocupações pelo país são feita em imóveis improdutivos que hoje não cumprem a função social conforme manda a constituição brasileira".