Conselho de Desenvolvimento discute 24 soluções para o Brasil

19/05/2005 - 14h43

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Quais desafios do país devem ser enfrentados nos próximos anos? Tentando responder essa pergunta, um grupo de 50 integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) elaborou uma proposta de Agenda Nacional do Desenvolvimento. A primeira versão do projeto será apresentada hoje a todos os conselheiros.

A agenda reúne 24 diretrizes para solucionar 50 grandes problemas do Brasil, sintetizados pelos conselheiros em seis eixos: extrema desigualdade social e de renda; incapacidade da economia brasileira de incorporar o mercado interno potencial; infra-estrutura degradada, que não permite integrar o território, a economia e a sociedade brasileira; inexistência de um sistema de financiamento de investimento; insegurança pública; baixa capacidade operativa do Estado.

"Não significa que o Brasil não tem outros problemas, mas precisávamos trabalhar em torno de seis âmbitos. Se você falar de tudo, você acaba não falando de nada", diz o ministro Jacques Wagner, do CDES, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo ele, a questão que mais impede o desenvolvimento do país é a desigualdade social. "É óbvio que, quando se tem um processo de distribuição de renda, todo mundo vive melhor: mais gente está no mercado interno, mais gente está preparado para o mercado de trabalho, menos gente opta pela marginalidade. E, portanto, eu acho que a desigualdade é a pedra de toque fundamental".

O diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Clemente Ganz, que é membro do CDES, concorda que a desigualdade é um dos fatores que levam a outros problemas apontados na Agenda Nacional de Desenvolvimento, como a insegurança pública. "Um conjunto forte de medidas para combater a violência está associada ao combate à desigualdade social. São ações para elevar rendimentos, criar postos de trabalho e melhorar a educação. A desigualdade é tida como uma causa estrutural que provoca a violência", diz. Segundo ele, outra medida proposta para combater a violência é a integração das polícias no país.

Com relação à baixa capacidade operativa do Estado, Clemente Ganz sugere ações que permitam melhorar a articulação das políticas brasileiras. "Temos um conjunto muito grande de agentes da esfera pública que desenvolvem os programas. O que se percebe é uma desarticulação muito grande entre esses organismos. Muitas vezes, uma determinada política não consegue atingir seu objetivo por isso".

O diretor do Dieese ressalta ainda que serão propostas medidas para que o Estado melhore a arrecadação tributária e o investimento em infra-estrutura. "É preciso oferecer crédito para os empresários investirem em infra-estrutura, para que aumentem a produção, invistam em tecnologia e abram mais postos de trabalho". Mas ele lembra que "são diretrizes cujo tempo de maturação é de longo prazo, nenhuma dessas ações tem resultados completos em curto prazo".

O ministro Jacques Wagner explica que as diretrizes apresentadas ainda devem ser discutidas entre os conselheiros. Em agosto, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social pretende ampliar o debate para outros segmentos da sociedade civil. A expectativa é que o projeto da Agenda Nacional de Desenvolvimento esteja concluído em novembro para então ser encaminhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.