Medicamentos anti-retrovirais são eficientes e seguros, garante Ministério da Saúde

14/05/2005 - 17h09

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Os portadores do vírus da Aids devem continuar usando os medicamentos anti-retrovirais porque eles são eficientes no controle da doença e seguros. Esse é o alerta feito pelo Ministério da Saúde em resposta ao anúncio publicado esse mês em jornais de vários países pelo médico alemão Matthias Rath. Dono de uma fundação que defende a responsabilidade pela saúde, paz e justiça social, Rath afirma que os anti-retrovirais são nocivos e que a Aids pode ser tratada com vitaminas.

"Os estudos apresentados por Rath são inconclusivos e não utilizam métodos científicos reconhecidos", informa a nota divulgada pelo ministério. Em entrevista exclusiva à Radiobrás, o coordenador do Programa Nacional de DST/AIDS do Ministério da Saúde, Pedro Chequer, afirmou que as pesquisas científicas demonstram a eficiência da medicação anti-retroviral.

"A terapia anti-retroviral é bem sucedida e eficaz", assegurou Chequer. Segundo ele, a taxa de mortalidade dos pacientes com Aids caiu 50% no Brasil, desde 1996 quando o país passou a garantir o acesso universal aos anti-retrovirais no sistema público de saúde. "Com queda expressiva das internações hospitalares, redução de gastos do governo para esse tipo de atendimento e, acima de tudo, melhoria da qualidade de vida do paciente", acrescentou Chequer.

O coordenador disse que, como qualquer remédio, os anti-retrovirais têm efeitos colaterais, mas que isso não significa que eles não sejam seguros. "Como toda medicação, os anti-retrovirais devem ser utilizados sob prescrição médica e observando rigorosamente aquilo que está prescrito e orientado pelo médico", ressaltou ele.

A fundação de Rath atua contra as grandes indústrias farmacêuticas que, segundo ele, transformaram as doenças em um mercado multibilionário. Na carta aberta publicada em jornais, como The New York Times, Rath afirma que o lucro do cartel farmacêutico é baseado na continuidade da epidemia de Aids.

"A teoria na qual o doutor Matthias Rath baseia-se é a tese ‘dissidente’, que tenta desvincular do HIV a causa da doença", afirma a nota do ministério. "Tal tese já foi amplamente refutada pela comunidade científica internacional, especialmente após o desenvolvimento dos testes laboratoriais que identificaram diretamente a presença do HIV", esclarece.

Segundo Pedro Chequer, os portadores do vírus HIV devem procurar tratamento no sistema de saúde. "A população deve buscar em primeiro lugar o serviço de saúde, o seu médico, para que possa ser orientada, não se deixar enganar por propaganda ou por anúncios que não tem fundamentação científica ou muitas vezes que se apresentam como cientificamente fundamentado", afirmou.