Chávez diz que Venezuela não precisa de intermediação brasileira com os Estados Unidos

10/05/2005 - 21h16

Brasília, 10/5/2005 (Agência Brasil - ABr) - A participação do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na Cúpula América do Sul - Países Árabes tem se destacado pelos discursos e declarações contundentes. Nesta terça-feira, em diversos momentos, ele criticou os Estados Unidos. E, no final da tarde, em entrevista no hotel em que se realiza o encontro, dispensou a intermediação brasileira para resolver questões com os norte-americanos. "Não há necessidade de o Brasil intermediar a nossa relação com os Estados Unidos", afirmou Chávez. "O mais importante que o Brasil pode fazer é trabalhar pela cooperação Sul-Sul."

Durante a Cúpula, Chávez se mostrou disposto a conversar com os jornalistas e revelar suas impressões. Mas as entrevistas dadas na saída de reuniões e saguão do hotel acabaram marcadas por discussões entre repórteres e seguranças, que impediam a aproximação das equipes de imprensa. Ainda assim, o chefe de Estado venezuelano terminou o primeiro dia da Cúpula como um dos mais entrevistados.

Em todos os momentos, ele defendeu a união de árabes e sul-americanos contra o modelo "imperialista" vigente no cenário internacional. "Não vamos aqui solucionar o problema do mundo, mas formar uma massa crítica para a construção de uma aliança futura", avaliou Chávez. "No documento final, não há uma referência direta aos Estados Unidos. Mas quando falamos em formar um mundo pluripolar estamos em choque com a pretensão norte-americana de formar um mundo unipolar", acrescentou.

Com relação à integração sul-americana, o presidente da Venezuela chegou a se contrapor aos comentários de que o retorno do presidente argentino Néstor Kirchner seria um sinal de desunião do bloco regional. "Todos nós estamos conscientes do momento em que vivemos e do que o nosso povo reclama", analisou Chávez. "A América Latina cruzou a esquerda. O povo se cansou do neoliberalismo. Temos consciência do jogo que devemos jogar."