Gabriela Guerreiro e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A União Industrial Argentina (UIA) defendeu hoje amplas mudanças no Mercosul e cobrou a implantação de mecanismos no bloco econômico capazes de proteger a indústria do país e frear o aumento do superávit brasileiro em relação à Argentina. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) do Brasil, por outro lado, critica a instituição de salvaguardas no Mercosul e avalia que esse mecanismo não garante o crescimento da indústria argentina. "Salvaguardas automáticas, de maneira unilateral e impositiva, é algo inaceitável. Fora desse contexto, em uma negociação permanente, é possível encontrar um ponto de equilíbrio nos interesses dos dois países", ressaltou o presidente da CNI, Armando Monteiro.
Segundo Monteiro, não há como proteger um mercado de forma "absoluta" como desejam os argentinos. "Se amanhã a Argentina cria em relação ao Brasil mecanismos de proteção ou salvaguardas, será que esse espaço será preenchido por produtos argentinos, ou de outros mercados como a China", questionou Monteiro.
Na avaliação do presidente da CNI, Brasil e Argentina precisam superar as dificuldades no campo comercial para buscarem, juntos, um ponto de entendimento que viabilize o Mercosul. "Há problemas circunstanciais. Nós temos um destino comum, um patrimônio comum a preservar, independentemente dos nossos interesses", ressaltou o presidente da CNI.
Já o presidente da UIA, Héctor Méndez, defende mudanças radicais nas relações comerciais do Mercosul. "Temos que mudar muitas coisas, repensar e analisar todas as simetrias que existem. Hoje, temos muitas simetrias entre Argentina e Brasil, mas também temos assimetrias. Quando um mercado expõe as assimetrias, expõe as situações de conflito", enfatizou.
Mendés afirmou, no entanto, que os argentinos estão dispostos a sentar e negociar mecanismos capazes de reduzir as desigualdades em consonância com os demais países do bloco. Ele disse acreditar que o tema deve ser incluído nas negociações dos governos brasileiro e argentino. "Precisamos ter ferramentas para proteger setores que passam por conflitos", ressaltou.
Bem-humorado, o empresário argentino admitiu que existem divergências comerciais entre os dois países. Mas ressaltou que as diferenças são pequenas se comparadas ao histórico conflito Brasil x Argentina no futebol. "Quando jogam Brasil e Argentina, as relações são muito piores. Não acredito que as relações comerciais sejam tão ruins assim", garantiu.