Mesmo com dólar em baixa, governo mantém a meta de US$ 112 bilhões para as exportações

10/05/2005 - 17h53

Cristina Índio do Brasil
Repórter da Agência Brasil

Rio - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse que, mesmo com a queda do valor do dólar, a meta de exportações para este ano de US$ 112 bilhões não será alterada. Ele informou que o acumulado de 12 meses em abril ficou em US$ 104 bilhões e como nessa altura do mês o resultado já está em US$ 104,8 bilhões, acredita que o acumulado dos 12 meses em maio ficará em US$ 105 bilhões.

"Estamos mantendo a nossa meta apesar da valorização do real", garantiu. Segundo o ministro, o dólar baixo prejudica as exportações principalmente nos setores de maior valor agregado, mas as reduções de vendas de alguns deles serão compensadas pelo aumento dos preços no mercado externo de outros, como por exemplo, o siderúrgico.

"Não muda a meta porque haverá compensações. Temos, por exemplo, US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões a mais de exportações de minérios por aumento de preço e volume. Teremos no segundo semestre uma ampliação das exportações de soja que no primeiro quadrimestre caíram 5% e vamos ter também preços firmes, como estamos tendo para o café e para o açúcar. O suco de laranja há previsão de que tenha aumento de 20% agora nos próximos embarques. E, ao mesmo tempo setores como da Embraer prevêem no segundo semestre exportações muito maiores do que o primeiro semestre, pelo aumento da cadência de entrega dos novos modelos, que por enquanto ainda estão em ritmo mais lento. Então, há muitos indicadores que dão confiança para que independente da taxa de câmbio as exportações continuem crescendo", assegurou.

Apesar disso, Furlan disse que mantém a coerência das declarações dadas por ele no início da queda do câmbio de que setores de grande geração de mão de obra como calçados, confecções, autopeças e automotivo estão tendo perda de rentabilidade, inclusive, em alguns casos, com cancelamento de exportações por ter prejuízo. "O que estou me referindo é que existem setores que, de uma forma ou de outra, compensam os preços internacionais. Os de aço continuam sustentados, mas preocupa que setores grande geradores de mão de obra estão revendo seus planos e tanto o ministro Palocci como o presidente Lula têm consciência disso. Estamos tentando minimizar esse impacto atuando sobre fatores que geram custos. Aliviando os custos podemos compensar em parte a perda de rentabilidade pela valorização do real", informou.

Furlan disse que enquanto há setores revendo os planos de exportação, há outros que continuam tendo rentabilidade, por isso o governo continua trabalhando na redução de custos de transação para operação de comércio exterior, seja na área de câmbio, como já foi adotada uma série de medidas de simplificação pelo Banco Central. "Pretendemos também promover toda a simplificação que influencia o comércio exterior, que não é só do nosso ministério e abrange mais de 500 decretos e portarias. Também a redução dos custos de logística, gargalos de portos e o trânsito aduaneiro mais rápido que reduz despesas. Tudo isso contribui para aumentar a rentabilidade das exportações".

O ministro disse também que "com a atuação do BNDES financiando e estimulando a infra-estrutura, as ferrovias e os investimentos nos portos já desoneramos completamente de tributos os investimentos na área portuária. Temos conhecimento de que mais de US$ 100 milhões já foram investidos usando essa prerrogativa inclusive importando equipamentos". Furlan lembrou que a importação no país é livre, os tributos são muito baixos e no caso de máquinas e equipamentos sem similar nacional a alíquota máxima que estamos executando é de 2%", esclareceu.

Ao ser perguntado se o governo mantém a decisão de não intervir no câmbio o ministro afirmou que "não tenho ferramentas de intervenção de mercado. Isso não é comigo".