Bianca Estrella
Da Agência Brasil
Brasília - O Centro de Cartografia Aplicada e Informação Geográfica (Ciga), da Universidade de Brasília (UnB), publicou o "Cadastro Municipal dos Territórios Quilombolas do Brasil", estudo que mostra a existência de 2.228 comunidades remanescentes de escravos no Brasil. As informações estão organizadas em forma de mapa e devem contribuir para a catalogação dos territórios quilombolas.
"O país precisa assumir que os quilombos são importantes historicamente e que poucos países do mundo ainda têm registros como esses", afirmou o professor e coordenador do projeto de pesquisa, Rafael Sanzio. "Além disso, os territórios estão em risco e podem desaparecer".
Esse número, contudo, é questionado pela Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen) -hoje composta por mais de 300 instituições em todo o território brasileiro. Um de seus membros, o geólogo Gilberto Leal acredita que há cerca de o dobro de comunidades. "Avaliamos que existem aproximadamente 5 mil núcleos quilombolas", disse.
Segundo a pesquisa, grande parte das comunidades está concentrada no litoral do País. O Maranhão é o estado com o maior número de comunidades, 642. Em segundo lugar, a Bahia, com 396 comunidades. O Pará ocupa a terceira posição: 294 quilombos mapeados.
A pesquisa divulgada é a segunda parte do projeto Geografia Afro-brasileira e Educação desenvolvido por professores e estudantes de graduação e pós-graduação do Ciga. No primeiro cadastro, realizado em 2002, foram identificados 1.388 registros de quilombos.
O projeto Geografia Afro-brasileira e Educação realiza também este ano oficinas e exposições cartográficas itinerantes em seis capitais brasileiras, além de Paris, como parte da programação do ano do Brasil na França. O estudo apresentado na última quinta-feira (05) será enviado para todas as unidades do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), bibliotecas públicas, procuradorias gerais e governos estaduais.
Apenas 32 comunidades negras remanescentes, menos de 2% dos quilombolas existentes (segundo o número da pesquisa da UNB) foram regularizados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Até o final do governo, a meta do Incra é regularizar 158 comunidades quilombolas.