Marcela Rebelo e Lana Cristina
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Uma das metas estabelecidas no Mapa Estratégico da Indústria, divulgado hoje pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), é a redução da taxa real de juros no país. O índice fechou 2003 em 14,1%, segundo o Banco Central. A expectativa da CNI é alcançar 6% até 2010 e 4% em 2015.
"Nós não podemos viver com esses juros absurdos, que sangram as pessoas físicas, jurídicas e o próprio governo. O aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, anunciada na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), representa R$ 2 bilhões a mais na despesa do governo, projetando para 12 meses", criticou o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.
Com as estratégias traçadas no documento, a CNI pretende ainda uma redução da carga tributária, que alcançou 34,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2003, segundo a Receita Federal. A estimativa é de que o índice caia para 30% em 2010 e 27% em 2015. Para o setor industrial, o sistema tributário brasileiro é complicado e sem transparência. "A agenda preconiza medidas complementares de desoneração do investimento. Ou seja, tirar imposto de tudo aquilo que é investimento. Não se pode punir quem ainda não produz. Se eu compro a máquina para produzir, por que eu vou ter que pagar o imposto antes de estar produzindo? Isso o mundo não faz e o Brasil não deve fazer", afirmou o presidente da CNI, Armando Monteiro.
O Mapa Estratégico da Indústria estabelece ainda outras metas, como aumentar para 70%, em 10 anos, o percentual de domicílios atendidos por rede de esgoto no Brasil. Em 2003, o índice estava em 48%, de acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O mapa também prevê que seria ideal, até 2015, a ampliação de 11% (índice medido pela Pnad) para 30% no número de residências com acesso à Internet.
Para o empresário Jorge Gerdau, do grupo Gerdau, é necessário fazer um constante acompanhamento das ações propostas no estudo da CNI, para saber se em 10 anos os objetivos serão alcançados. "Algumas metas a gente define, sonha e não consegue conquistar. E outras a gente define e até ultrapassa", disse.
A CNI considera a educação uma mola propulsora para que se alcance mais produtividade. O mapa aponta, por exemplo, uma expectativa de crescimento na produtividade da indústria de 6% ao ano até 2015. Segundo dados da CNI e do IBGE, a variação da produtividade no setor foi negativa em 0,7% de 2001 a 2003.
"A educação e a saúde da população brasileira são pilares do Mapa Estratégico", registra o relatório. Os empresários atribuem ao conhecimento, disseminado pela educação, papel fundamental na geração de inovações. A competitividade da indústria brasileira, acrescentam, só será alcançada com formação de pessoal específico para o setor produtivo. Os empresários pedem ainda mais fomento ao empreendedorismo e à criatividade.
O Mapa define 18 metas para que o Brasil alcance o desenvolvimento sustentável nos próximos 10 anos e traz 63 programas estratégicos a serem implementados para atingir esses objetivos.