Presidente do Incra diz que retirar não-índios de 74 terras indígenas é prioridade para 2005

26/04/2005 - 14h40

Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A terra indígena Cachoeira Seca, no Pará, é um dos exemplos de áreas utilizadas para assentar trabalhadores rurais, apesar de serem reconhecidas como território tradicional dos índios. A afirmação é do presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart. "No Pará, isso é clássico", disse Hackbart, ao destacar que, só em Cachoeira Seca foram assentadas, "ao longo da história", mais de 400 famílias.

O presidente do Incra afirmou que situações como essa já deixaram de ocorrer e que a retirada de não-índios de Cachoeira Seca e de mais 73 áreas indígenas está entre as prioridades do órgão para este ano. De acordo ele, entre as pessoas que ocupam as terras reconhecidas como indígenas estão madeireiros, mineradores, fazendeiros e quilombolas, além de assentados. "O Incra tem que olhar o que é público da reforma agrária. Se for, será assentado, se não for, tem que sair".

Rolf Hackbart participou hoje (26) de uma audiência no auditório do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que reuniu cerca de 500 indígenas e representantes do governo federal e do Ministério Público. Durante a reunião, o cacique Jecinaldo Barbosa, coordenador-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), afirmou que a presença de não-índios em terras indígenas é a causa de conflitos fundiários e de violência nessas áreas.

A audiência faz parte da mobilização indígena Terra Livre, organizada pelo Fórum em Defesa dos Direitos Indígenas (FDDI). As atividades tiveram início ontem (25) e vão se estender até a próxima sexta-feira.