Famílias das vítimas da chacina no Rio dizem que obtiveram apoio para federalização da investigação

26/04/2005 - 19h36

Lílian de Macedo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, se reuniu com 42 parentes de vítimas e testemunhas da chacina na baixada fluminense que aconteceu no dia 31 de março. Ao término do encontro, o grupo afirmou que o ministro vai apoiar a federalização do crime. Caso isso ocorra, as investigações e julgamentos serão feitos no âmbito federal. O ministro também concordou com a criação de um Fundo Nacional de Assistência as Vitimas de Crimes Violentos (Funav), segundo os presentes à reunião.

O deputado Raul Jungmann (PPS/PE), que integrou o encontro, disse que o grupo irá encaminhar o pedido de federalização ao Procurador-Geral da República, Cláudio Fonteles. Se o procurador concordar, o pedido será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Já na segunda-feira, o grupo vai se reunir com o ministro da Fazenda, Antônio Palocci. O objetivo do encontro é o pedido de verba para a criação do Funav. Segundo Jungmann, o projeto de criação do fundo surgiu na Comissão Externa da Câmara dos Deputados que trata sobre a chacina. "Vamos fazer uma reunião para rever o projeto e então nos reuniremos com o ministro. Vamos encontrar formas de colocar em funcionamento este fundo".

Segundo o deputado, os parentes das vítimas tem uma reunião marcada com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, para esta quarta-feira. No encontro, eles exigirão maior empenho do legislativo para a realização do referendo do desarmamento, previsto para ocorrer em outubro.

Muito emocionados, alguns parentes das vítimas passaram mal durante o encontro do Tomás Bastos, entre eles, a empregada doméstica Rosilene Vasconcelos. Um irmão e um primo foram assassinados na porta de sua casa. "Meu irmão era pedreiro, trabalhava honestamente. Não merecia morrer. Agora, quem vai criar a filha que ele deixou, que tem apenas nove anos", questiona emocionada.

Drama parecido vive Carlos Eduardo Silva. "Também tive um irmão e um primo assassinados. Espero que o ministro Tomáz Bastos faça justiça e evite novos conflitos", conta. Para ele, a solução para o fim das chacinas é um policiamento intensivo nas favelas cariocas e afirma estar satisfeito com a possibilidade de federalização do crime. "Queremos uma força-tarefa federal na baixada que evite problemas como este", analisa.

As investigações sobre a chacina que matou 29 pessoas em Queimados e Nova Iguaçu no Rio de Janeiro indicam que o grupo de extermínio era formado por policiais militares. Segundo os parentes das vítimas 11 deles tiveram prisão preventiva decretada. No entanto, o prazo para esta reclusão já está esgotando.