Movimentos sociais equatorianos pedem novas eleições diretas e Assembléia Constituinte

22/04/2005 - 18h56

Érica Santana e Gabriela Guerreiro
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - A troca de governo no Equador não é suficiente para garantir ao país estabilidade democrática e mudanças nas condições de vida da população. Entidades sindicais e trabalhistas do país ouvidas pela Agência Brasil acreditam que, com a saída de Lucio Gutiérrez da presidência da República equatoriana, deve ser convocada uma nova Assembléia Constituinte, além de realizar imediatamente novas eleições diretas. Desde 1997, é terceira vez que um presidente da República é deposto do cargo no Equador sem terminar o mandato.

Segundo o presidente da Confederação Equatoriana das Organizações Classistas Unitárias de Trabalhadores (Cedocut), Mesías Moreno, o povo equatoriano continua exigindo uma ampla reforma constitucional mesmo com a posse de Alfredo Palácio na presidência da República em substituição a Lucio Gutiérrez. "Tem que haver uma reforma constituinte para que esse país de uma vez por todas possa vislumbrar um Executivo, um parlamento. Aqui ninguém pode dizer que o partido 'X' domina, ou que a palavra final é do movimento sindical 'X'. O país é do povo equatoriano", revelou.

O presidente da Confederação Equatoriana de Organizações Sindicais Livres (Ceosl), Jaime Arciniega, disse que a expectativa da população frente ao novo governo é positiva. "O novo ministro da Economia e Finanças disse que há interesse em atender aos setores sociais na saúde, na educação, e aumentar a produção no país para gerar empregos, estabilidade e bem-estar. São posições interessantes, e o presidente Alfredo Palácio convocou as organizações sociais para tratar de diversos temas", disse.

Mesías Moreno ressaltou que o novo governo também deve priorizar melhorias para os trabalhadores, como o incremento do salário mínimo – que hoje é equivalente a US$ 150 no país. "Essa mudança é um início, mas esperamos como equatorianos que Oxalá aprendam, e aprendamos também". O presidente da Cedocut disse que o desejo dos movimentos sindicais e trabalhistas é que Alfredo Palácio abra o governo equatoriano para o diálogo com a população. "Tem que haver um trabalho de consertação entre governo, empregadores e trabalhadores, em que se respeite a estabilidade laboral, que diga não às privatizações como querem as multinacionais, e seja feita uma negociação racional da dívida externa", afirmou.

Já o sindicalista Jaime Arciniega garantiu que os movimentos sociais equatorianos "sempre cultivaram" o diálogo social como forma de solucionar os conflitos políticos no país – prática que será adotada com o novo governo. "Estamos sintonizados com o presidente e seremos cobradores permanentes para que o seu discurso seja executado. Em um país convulsionado como o nosso é necessário o maior número de contribuições do setor social para a elaboração de uma agenda que permita através de um programa de governo e planejamento estratégico a retomada da credibilidade do governo", enfatizou.